Escolhido pelo presidente Michel Temer para ser o encarregado pela intervenção das Forças Armadas na Segurança Pública do Rio de Janeiro
, o general Walter Braga Netto, do Comando Militar do Leste, minimizou a escalada da violência no estado e disse que há "muita mídia" em relação à real situação fluminense.
Durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto ao lado do ministro da Defesa, Raul Jungmann, e do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, o general Braga Netto disse que iria estudar as melhores formas de atuar no Rio de Janeiro junto às forças de segurança locais.
"Recebi a missão agora. Nós vamos entrar numa fase de planejamento. Nosso relacionamento com a Secretaria de Segurança e todos os órgãos é muito bom. No momento, não tenho nada que eu possa adiantar para os senhores. Vamos fazer um estudo e conversar com todos e nossa intenção é fortalecer ainda mais o sistema de segurança lá do Rio de Janeiro e voltar a atuar conforme merece a população carioca", afirmou o general.
Jungmann explicou que, durante o período de vigência do decreto de intervenção, que prevalecerá até o dia 31 de dezembro, o general Braga terá responsabilidade sobre as polícias civil e militar, sobre o Corpo de Bombeiros e o sistema carcerário do Rio de Janeiro.
"O general tem poderes de governo. Não é apenas o poder de comandar, é também a possibilidade de mudança, de reestruturação... Enfim, daquilo que for necessário para bem prover os meios de segurança para os cariocas", explicou o ministro da Defesa.
Novos atos administrativos e "ameaça" à democracia
O ministro Etchegoyen declarou que, a depender da avaliação do interventor, o presidente Temer poderá adotar novas medidas no âmbito administrativo . "Foi solicitado ao general uma série de providências que devem ser tomadas e serão discutidos novos atos que permitam o planejamento que ele ainda vai fazer. Ou seja, como empregar e onde empregar. Eventualmente, podem exigir novos atos administrativos do próprio presidente", disse o chefe do GSI.
General do Exército ingressado nas Forças Armadas durante a ditadura militar, em 1974, o ministro Etchegoyen rechaçou a hipótese de que a intervenção no Rio de Janeiro poderia representar uma ameaça à democracia.
"As Forças Armadas jamais foram ameaça à democracia em qualquer tempo desde a redemocratização. Me diga um momento em que nós tivemos alguma instabilidade? Isso não aconteceu. A ameaça à democracia é a incapacidade de as estruturas policiais, que são responsabilidade dos estados, não poderem cumprir suas tarefas", disse Etchegoyen.
Nascido em Minas Gerais, o general Braga Netto foi o coordenador das ações de segurança durante os Jogos Olímpicos Rio 2016 e, segundo destaca o Ministério da Defesa, possui 23 condecorações nacionais e quatro estrangeiras.