O ministro da Defesa Raul Jungmann se disse chocado com a situação dos venezuelanos, que classificou como uma “questão humanitária”. A declaração foi feita nesta quinta-feira após o ministro conversar rapidamente com alguns dos cerca de 300 imigrantes da Venezuela que vivem em uma praça de Boa Vista, em Roraima. Eles relataram que vieram para o Brasil em busca de trabalho e de dias melhores.
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“Estas pessoas não estão aqui porque querem. Eles foram empurrados para cá […] É chocante e teremos que equilibrar a questão humanitária com a situação do estado. Essa é uma situação que todo o Brasil tem que abraçar, pois não é algo com que apenas Roraima e Boa Vista têm que arcar”, acrescentou Jungmann sobre os imigrantes da Venezuela .
Jungmann integrou uma comitiva interministerial que partiu logo cedo de Brasília com destino a Boa Vista nesta quinta-feira, onde se reuniu com autoridades locais e conversou com alguns imigrantes. Participaram da missão os ministros da Justiça, Torquato Jardim; da Defesa, Raul Jungmann, e do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen.
Em fuga da crise no País vizinho
O governo federal prometeu ampliar a ajuda ao estado de Roraima em busca de uma solução para os problemas decorrentes da presença de um grande número de imigrantes venezuelanos no estado, principalmente na capital, Boa Vista. A prefeitura estima que cerca de 40 mil venezuelanos se estabeleceram na cidade após fugir da crise econômica e política que o país vizinho atravessa.
Ao falar com jornalistas, o ministro da Defesa antecipou que o governo estuda medidas para ampliar a participação federal nas fronteiras, além de adotar medidas que possibilitem a interiorização dos imigrantes autorizados a permanecer no País, de forma a aliviar a demanda por assistência em Boa Vista.
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Jungmann também comentou a necessidade de viabilizar a realização de um censo a fim de dimensionar o fluxo migratório. “Sabemos que temos um problema a enfrentar. Para resolvê-lo, precisamos saber sua dimensão exata”, disse.
Após a visita a praça , a comitiva federal seguiu para o palácio do governo, onde os ministros se reuniram com a governadora Suely Campos (PP). Mais cedo, a assessoria do governo já havia divulgado uma nota em que a governadora se queixa de que, há três anos, o povo de Roraima “vem suportando sozinho o ônus de uma crise humanitária sem precedentes no país”, com impactos sobre a rotina da população.
“Na educação, a demanda de alunos aumentou em 100%. Na saúde, temos um acréscimo de 3.350% no atendimento nos hospitais. Somente na maternidade, nascem, por dia, cinco bebês filhos de venezuelanos. O governo do estado faz o acolhimento humanitário aos imigrantes com apoio exclusivamente das ONGs [Organizações Não Governamentais] e com a solidariedade do povo roraimense, que é acolhedor, que está sensível à situação dos venezuelanos, mas que está tendo dificuldades de acessar os serviços públicos por causa dessa crise”, disse Suely Campos, acusando o crime organizado de se aproveitar da vulnerabilidade dos venezuelanos para cooptar mão de obra para o tráfico de drogas e de armas pesadas.
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“Nosso estado não está em condições financeiras para arcar com todo esse processo, e nem é nossa jurisdição”, alertou a governadora, destacando que a política de atendimento a imigrantes é responsabilidade do governo federal. Segundo dados da prefeitura de Boa Vista, só na capital do estado há 40 mil imigrante da Venezuela, o que representa mais de 10% dos 330 mil habitantes da cidade.
* Com informações da Agência Brasil