A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (8) a segunda fase da Operação Torrentes
, que investiga desvios de recursos que deveriam ser empregados no atendimento a vítimas de desastres naturais. A ofensiva tem como alvos sete pessoas suspeitas de terem cometido crimes que afetaram a distribuição de filtros e cestas básicas a famílias afetadas pela seca no Maranhão no período de 2013 a 2014.
Além dos mandados de prisão, cumpridos no Maranhão e em Pernambuco, também foi determinado pela Justiça Federal o sequestro de até R$ 8 milhões em bens dos investigados. O valor representa o total estimado do prejuízo causado pelo esquema criminoso.
De acordo com as investigações, conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Receita Federal, o esquema criminoso envolvia o pagamento de propina ao comandante do Corpo dos Bombeiros Militar do Estado do Maranhão (CBMMA).
Em troca da vantagem indevida, o CBMMA teria firmado dois contratos para fornecimento de filtros e cestas básicas com a empresa dos corruptores. O pagamento dessas contratações foi efetuado com recursos enviados pelo governo federal para o atendimento às vítimas.
Os servidores do CBMMA também teriam praticado o desvio de R$ 5 milhões em favor dessa empresa mediante pagamentos superfaturados por bens que não foram entregues à população maranhense.
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Empresários, comandante, tenente e lobista na mira da operação
Os alvos dos mandados de prisão são os empresários Ricardo José Padilha Carício, Ítalo Henrique Silva Jaques e Rafaela Carrazzone da Cruz Gouveia Padilha; o lobista Daniel Pereira da Costa Lucas; o comandante do CBMMA, João Vanderley da Costa; o assessor jurídico Manoel Henrique de Lima; e o tenente Augusto Cutrim.
De acordo com o MPF, os investigados estarão sujeitos a penas de 6 a 27 anos de prisão, além de pagamento de multa e perda dos cargos públicos – em caso de condenação.
A primeira fase da Operação Torrentes foi deflagrada em novembro do ano passado em Pernambuco, onde servidores da Secretaria da Casa Militar foram investigados por desvios de recursos federais destinados ao atendimento de vítimas das enchentes que devastaram diversos municípios da mata-sul pernambucana em junho de 2010. A esquemática criminosa era semelhante à colocada em prática no Maranhão.
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