O presidente Michel Temer autorizou o envio de pelo menos dois mil homens das Forças Armadas para reforçar a segurança do Rio Grande do Norte, devido a uma greve realizada por policiais militares e civis do estado desde o dia 19 de dezembro. Com o protesto dos PMs, que reclamam de atraso no pagamento de salários e do décimo terceiro, parte das atividiades estão paralisadas.
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Na quinta-feira (28), o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, voltou a cobrar apoio das Forças Armadas
no estado, pedido que foi atendido pelos ministérios da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), após análise da situação de segurança pública no local.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, se pronunciou sobre a decisão do governo federal hoje, afirmando que "dada a permanência do impasse quanto à questão salarial, a recusa dos policiais de voltarem às suas atividades normais e [ao fato de] que, embora não tenhamos até aqui uma explosão da violência, esta vinha crescendo gradualmente, concluímos ser necessário deslocar tropas para o estado a fim de garantir a lei e a ordem”, explicou.
Ações no estado
O envio de militares ao Rio Grande do Norte deve acontecer de maneira gradual. É esperado que ao menos 500 homens cheguem ao estado nesta sexta-feira (29), a fim de atuarem no patrulhamento ostensivo da região metropolitana de Natal e de Mossoró, as duas cidades mais populosas.
Após 48 horas, outros 1,5 mil homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica serão encaminhados ao estado, sendo deslocados de diversas unidades dos estados próximos. Quem irá coordenar as ações será o Comando Conjunto das Forças Armadas. Ainda segundo o governo federal, caso seja necessário, o efetivo será reforçado, podendo ainda atuar em outras localidades.
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Vale lembrar que o estado já conta com a presença de militares federais: 220 agentes da Força Nacional de Segurança Pública já atuam no local desde o ano passado, sendo que 120 foram encaminhados ao local para apoiarem os órgãos policiais estaduais. No último dia 21, o governo federal autorizou o envio de mais 70 agentes para patrulhar as ruas da capital. Ontem, Temer já havia autorizado o envio de mais 30 agentes da Força Nacional para suprir a ausência dos policiais potiguares.
Para Jungmann, a situação de “anormalidade” em um período em que o estado recebe muitos turistas demonstra a necessidade de que seja discutida a ação de policiais civis e militares. "Está na hora de termos clareza se as forças policiais podem ou não fazer greve. Pela lei, não podem, mas, na prática, o fazem, colocando a sociedade em uma situação de vulnerabilidade e medo. Entendemos a situação de quem fica sem salário, as vicissitudes e que há uma corresponsabilidade dos estados, mas lei é lei e deve ser cumprida”, comentou Jungmann.
O ministro da Defesa viaja amanhã (30) para Natal, onde passará o réveillon, acompanhando de perto a operação das Forças Armadas.
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