Condenado à prisão perpétua na Itália , o ex-ativista italiano Cesare Battisti, que vive como refugiado no Brasil , foi preso enquanto tentava viajar para a Bolívia, nesta quarta-feira (4) . Por causa disso, nesta quinta-feira (5), o governo italiano confirmou seu desejo de obter do Brasil a extradição do italiano.
Em uma publicação no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Angelino Alfano, afirmou que vai trabalhar para conseguir a extradição de Cesare Battisti
. "Hoje trabalhamos com o embaixador [italiano no Brasil, Antonio] Bernardini para trazer Battisti de volta à Itália e entregá-lo à justiça. Continuamos trabalhando com as autoridades brasileiras", escreveu.
Detido pela Polícia Federal (PF) brasileira por suspeita de evasão de divisas, o italiano passou a noite em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde prestou depoimento às autoridades até por volta de 22h30.
O ex-ativista, que prestou "esclarecimentos relativos a evasão de divisas" – quando uma pessoa envia valores para o exterior sem declará-los à autoridade competente – será levado a uma audiência de custódia na Justiça Federal nesta quinta-feira (5) para decidir se poderá ser libertado mediante ao pagamento de fiança.
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Battisti foi detido na fronteira entre o Brasil e a Bolívia com mais de R$ 10 mil em dinheiro não declarado. O advogado do italiano, Igor Sant'Anna Tamasauskas, reconheceu que ainda "não está claro" o motivo da tentativa de viagem à Bolívia. Mas que tomará "todas as providências cabíveis" para libertar seu cliente.
"Em relação à detenção realizada pela Polícia Federal, a defesa de Cesare Battisti vem a público informar que está obtendo informações oficiais sobre os motivos que levaram a esta medida e que tomará todas as providências cabíveis a fim de demonstrar a inexistência de fundamentos para a detenção realizada", diz uma nota de Tamasauskas.
Pelas normas da Receita Federal, o limite para saída de recursos do país sem necessidade de declaração é de R$ 10 mil. Battisti foi abordado primeiro pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em um taxi boliviano com mais dois passageiros. Como tratava-se de região de fronteira, os agentes acionaram a PF, que interceptou o italiano em um táxi boliviano.
A defesa do italiano havia entrado com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir um habeas corpus e evitar uma extradição para a Itália, na última semana. O pedido surgiu dias após a notícia de que o governo italiano está negociando um novo pedido para extraditar o ex-ativista.
Caso Battisti
Battisti foi condenado à prisão perpétua no país europeu pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970, quando fazia parte de uma milícia de extrema-esquerda.
Para escapar da cadeia, ele se mudou para a França, mas fugiu quando teve sua extradição autorizada. De lá, viajou para o México e, em seguida, ao Brasil, onde foi preso em 2007, no Rio de Janeiro.
O STF chegou a autorizar a extradição do italiano, mas o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva permitiu que ele ficasse morando no País . Não há prazo para a definição do caso na Justiça.
Cesare Battisti alega inocência dos crimes pelos quais foi condenado e diz ser vítima de perseguição política.
* Com informações da Agência Ansa.