Traficantes tomam lajes de casas durante tiroteio na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, no último domingo (17)
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Traficantes tomam lajes de casas durante tiroteio na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, no último domingo (17)

O governador Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro, afirmou que não permitiu a entrada da Polícia Militar em confrontos na comunidade no último domingo (17)  para evitar a morte de inocentes. Ele também afirmou nesta quarta-feira (20) que tropas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar vão permanecer na Rocinha o tempo que for necessário para evitar confrontos entre facções criminosas que lutam pelo domínio dos pontos de venda de drogas na comunidade, na zona sul da cidade.

O governador do Rio de Janeiro disse ainda que, caso seja necessário o apoio das Forças Armadas, fará o pedido. “Nós vamos ocupar [a Rocinha] pelo tempo que precisar. Se necessitarmos do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, das Forças Armadas lá embaixo, nós vamos pedir. Estamos lá na Rocinha com o Bope, e vamos permanecer o tempo que for preciso".

Pezão falou ainda sobre a importância do Plano Nacional de Segurança para o estado. “Precisamos, cada vez mais, dessa integração que nós estamos fazendo, vamos aperfeiçoá-la e melhorá-la cada vez mais. Nunca se prendeu tanto neste estado, nunca se apreendeu tanto fuzil. Já são mais de 300 fuzis apreendidos este ano”.

Confronto do domingo

Segundo Pezão, a decisão de não permitir a entrada da PM na comunidade no último domingo (17) também foi motivado pelo movimento do público do Rock in Rio, festival de música que se realizava nas proximidades da Rocinha , que poderia levar inocentes a serem atingidos.

Ele lembrou que domingo é o dia mais agitado na Rocinha. “Fui consultado de madrugada pelo secretário [de Segurança Pública] Roberto Sá e pelo coronel Wolney Dias, comandante da Polícia Militar, e pedi muita cautela. Conheço muito a Rocinha, da ponta lá do alto até embaixo. O dia que tem mais gente na rua é domingo. Se a gente reagisse à entrada daqueles marginais portando fuzil, seria uma guerra onde morreriam muitos inocentes. Eu desautorizei qualquer ação naquele momento de confronto”, afirmou o governador.

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Apesar da crise financeira do estado, Pezão ressaltou que vem tomando todas as providências necessárias para combater a violência e destacou o pedido feito em julho à Presidência da República de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem no estado. Ele reafirmou que tem trabalhado em parceria com o governo federal no enfrentamento à crise na segurança pública desencadeada por organizações criminosas, que vem se agravando com a entrada de drogas e armas pelas linhas fronteiriças do estado.

“O que me cabia fazer, eu fiz. Fui ao presidente Michel Temer, pedi a garantia da lei e da ordem, pedi o reforço das Forças Armadas, pedi uma presença maior da Polícia Rodoviária Federal. O Rio não é fabricante de fuzil, não tem fábrica de armas, não é um refinador de cocaína, não tem plantação de maconha. Somos cercados de rodovias federais”, enfatizou.

No ofício enviado à Presidência da República, o governo do Rio destacava que a estrutura de segurança pública do estado estava "à disposição das Forças Armadas para os devidos ajustes de planejamento e execução das operações a serem levadas a efeito".

Pezão falou sobre o ineditismo da situação, que exige planejamento. “É uma situação nova: fazer um deslocamento rápido de 10 mil homens das Forças Armadas exige um planejamento. Eles não querem entrar nas comunidades para ficar – essa foi uma decisão que eles comunicaram quando vieram para cá, que vão fazer operações pontuais. “A polícia está trabalhando, as nossas forças de segurança estão trabalhando”, acrescentou o governador.

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Fundo de segurança pública

Pezão anunciou que, nos próximos dias, enviará à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro projeto de lei para criação de um fundo de recursos destinados à área de segurança. Segundo o governador, esse fundo será atrelado à arrecadação de royalties do pré-sal. A mensagem ainda está sendo finalizada pela equipe do governo.

* Com informações da Agência Brasil

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