Em maio deste ano, a escritora escreveu um depoimento, em que relatou ter sido vítima de estupro aos 13 anos
Reprodução/Facebook
Em maio deste ano, a escritora escreveu um depoimento, em que relatou ter sido vítima de estupro aos 13 anos

A escritora e colunista gaúcha Clara Averbuck fez uma denúncia pública, via Facebook, nesta segunda-feira (28), contra um motorista do aplicativo Uber que, segundo afirma, abusou sexualmente dela dentro do carro. Na mensagem publicada, a escritora – famosa por seu posicionamento feminista – relatou o estupro com detalhes.

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Segundo Clara, após o estupro sofrido, ela está machucada, porém sendo medicada, em casa, também pensando se irá recorrer a uma delegacia de mulheres. “Bom, virei estatística de novo. queria chamar de 'tentativa de estupro' mas foi estupro mesmo. tava bêbada? tava. não vou incorrer no mesmo erro de quando eu era adolescente e me culpar. fui violada de novo, violada porque sou mulher, violada porque estava vulnerável e mesmo que não estivesse poderia ter acontecido também”, escreve.

“Estou decidindo se quero me submeter à violência que é ir numa delegacia da mulher ser questionada, já que a violência sexual é o único crime que a vítima é que tem que provar. não quero impunidade de criminoso sexual mas também não quero me submeter à violência de estado. justamente por ter levado tantas mulheres na delegacia é que eu sei o que me espera”.

No relato, ela ainda escreve que o motorista do Uber teria se aproveitado de seu estado, de “minha saia, minha calcinha pequena e enfiou um dedo imundo em mim, ainda pagando de que estava ajudando a bêbada”.

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A escritora conta que ficou com um olho roxo durante o incidente, e que sente “a culpa por ter bebido e me colocado em posição vulnerável”, mas enfatiza que a culpa não é dela, pois é vítima, alertando outras mulheres.

"Estou com o olho roxo e a culpa de ter bebido e me colocado em posição vulnerável não me larga. A culpa não é minha. Eu sei. A dor, a raiva e a impotência também não me largam. Estou falando tudo isso para que todas as que me lêem saibam que pode acontecer com qualquer uma, a qualquer momento, e que o desamparo e o desespero são inevitáveis. O mundo é um lugar horrível pra ser mulher", escreveu.

Em sua conta do Twitter, Clara Averbuck afirma que a Uber Brasil está sendo “solícita”. Ela também lançou respostas àqueles que estão a criticando após a denúncia do abuso sexual. “Às mulheres que estão me atacando: tenho apenas dó de vocês que não sabem que correm perigo diariamente e desejo que jamais sejam agredidas”, escreveu. “Obrigada pelas mensagens de apoio e uma vassoura no cy de quem está tirando onda. caguei pra vocês, mores, ceis nunca me afetaram”, tuitou.

Também pelo Facebook, afirma que ela e outras mulheres “que se sentiram agredidas comigo e que também tem histórias horríveis pra contar, construindo uma ação pra reverter essa merda em algo positivo”.


A reportagem do iG contatou a Uber Brasil, que afirmou que a empresa “repudia qualquer tipo de violência contra mulheres. O motorista parceiro foi banido e estamos à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações.  Acreditamos na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência contra a mulher ”.

Mensagens de apoio

A escritora agredida está recebendo diversas mensagens de apoio depois da publicação da mensagem de denúncia. Muitas páginas de cunho feminista estão se colocando ao lado de Clara, destacando a insegurança imposta às mulheres em relação aos meios de transporte urbano. “Deixamos de ir nos rolês de carro pra não beber a vontade e tranquilas, mas morrer/matar em acidente de trânsito. Pegamos taxi/uber pra beber em paz e chegar com segurança em casa, e o que acontece? Somos estupradas”, escreveu a página Feminista Sincera.

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Pessoas físicas também se colocaram ao lado da vítima, encaminhando mensagens de apoio. “Clara Averbuck, todo amor, carinho e solidariedade pra você nesse momento de dor. Conte com seus amigos, hoje e sempre”, escreveu um usuário da rede social.

Em maio deste ano, a escritora escreveu um depoimento em sua página no Facebook, em que relatou ter sido vítima de estupro aos 13 anos.

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