Jovem é estuprado por motorista em MG e diz ter ouvido: 'Você salvou uma mulher'

Matheus Henrique contou nas redes sociais que foi torturado com paus, pedras e arame farpado; agressor estava armado e amordaçou a vítima

Estudante de biologia relata estupro e agressões sofridas em Uberada, Minas Gerais, pelo Facebook
Foto: Reprodução/Facebook
Estudante de biologia relata estupro e agressões sofridas em Uberada, Minas Gerais, pelo Facebook

Matheus Henrique, de 23 anos, fazia sua caminhada matinal de domingo em Uberaba, Minas Gerais, quando foi parado por um motorista que lhe deu duas opções: “entrar no veículo ou levar um tiro ali mesmo”. O que aconteceu depois foi relatado em uma rede social pelo estudante de Ciências Biológicas na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). “Não foi sequestro, não foi assalto e, mesmo que pareça, não foi homofobia. Foi estupro”, escreveu o jovem em uma postagem no Facebook.

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O rapaz conta que o motorista o levou até uma mata e o torturou com paus, pedras e arame farpado. “Caso eu quisesse gritar, a arma na minha boca não deixaria.” A vítima de estupro afirma ainda que o agressor disse: “parabéns, você salvou uma mulher hoje”.

Segundo Matheus, o motorista estava procurando uma mulher e que, provavelmente, ela seria assassinada depois. No entanto, acabou encontrando “só um garoto, e que esse ia salvar a vida dela”.

O estudante foi forçado a andar mais de uma hora e meia descalço, amordaçado e amarrado. “O mal do ser humano não termina aí. Durante esse percurso, encontrei mais de 20 pessoas e todas me negaram ajuda.” Apenas um motoqueiro o ajudou e acabou chamando a polícia.

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Para Matheus, nem a polícia nem a equipe médica estava preparada para um caso desses. Entre outras coisas, ele conta ter ouvido das autoridades: “’Mas você conhecia o agressor?’, ‘Por que você não correu?’, ‘Ele não titubeou nenhum momento pra você se aproveitar?’, ‘O indivíduo alega’.

"[Essas] foram as melhores pérolas que ouvi. Como sempre, a culpa é da vítima”, desabafou o estudante.

Dor, relutância e vergonha

Na publicação do Facebook, o estudante afirma que escreveu o texto “com muita dor, relutância, vergonha e absolutamente nenhum orgulho”. Porém, acredita ser necessário relatar o que aconteceu, pois ninguém “está imune” a crimes de abuso sexual.

“Não, eu não estou bem. Me sinto humilhado , envergonhado, assustado. Cada lembrança é um pesadelo. Eu olho pro meu corpo agora e só penso que cada corte, cada ferimento e cada dor vão se transformar em força, em esperança, em renascimento. E isso graças a minha família que tem sido incrível - todos eles - e aos amigos”, escreveu o jovem.

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Nos comentários do post, que já possuí mais de 9,7 mil curtidas, centenas de internautas escreveram mensagens de apoio e parabenizaram o rapaz pela coragem de denunciar o estupro. “Não o conheço, mas estou torcendo para que você consiga superar tamanha crueldade. Com certeza, esse seu relato serve e servirá muito de alerta, pois pode acontecer com qualquer um”, comentou uma usuária.