A ROTA está nas ruas 24 horas por dia, todos os dias, o ano inteiro. Seu efetivo é dividido em três Companhias: Noturna, Matutina e Vespertina. Esta matéria relata uma incrível ocorrência de resgate conduzida pelo Pelotão do Tenente PM Soares, que patrulhava a Zona Leste de São Paulo às 21:40 nesta segunda-feira, dia 14.
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“O despacho do Policiamento de Choque do COPOM nos informou que uma pessoa estava sendo torturada na favela Eliane, numa casa com detalhes verdes no seu portão, localizada na rua Esperança. Pelas particularidades que nos foram relatadas, estava claro que a ocorrência envolvia a ação de um ‘tribunal do crime’ provavelmente comandado pelo PCC. Imediatamente acionei meu Pelotão”, relata o Tenente de ROTA Soares. O nome dessa rua, 'Esperança', não podia ser menos adequado em função do cenário que os PMs iriam encontrar em poucos minutos.
O Pelotão de ROTA é uma unidade de patrulha comandada por um Tenente e composto por cinco ou seis viaturas, cada uma contendo quatro Policiais. Antes de sair para as ruas, a Agência de Inteligência do Batalhão Tobias de Aguiar designa uma área de patrulha para o Pelotão atuar. Ao chegar no local, as viaturas se espalham e operam de forma autônoma, mas mantendo contato continuo. Em caso de necessidade, o Pelotão se reagrupa em minutos.
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“Dei ordem para minhas viaturas se reagruparem e rapidamente desenhamos um plano de ação. Como o alvo ficava bem no centro da favela, decidi ocupar suas principais entradas e conduzir a operação a pé, já que o caminho era repleto de vielas estreitas e becos”, continua dizendo o Tenente.
Entre a chegada das viaturas na favela Eliane e a localização da casa passaram-se 3 minutos. Infelizmente este foi o tempo suficiente para que os olheiros avisassem os torturadores, provavelmente por rádio ou celular, que a ROTA estava cercando o local e uma invasão era iminente.
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“Ao entrarmos no barraco, nos deparamos com um cidadão amarrado e amordaçado, sangrando muito e sem uma de suas orelhas, que havia sido decepada minutos antes. Seu corpo e rosto estavam cobertos de hematomas. Uma cena nada agradável. O rapaz estava muito debilitado, em estado de choque. Provavelmente a ordem da sua execução já havia sido dada”, diz o Tenente PM Soares.
Com base em informações coletadas no local e pela a área de inteligência, os PMs de ROTA reconstruiram a história completa. O cidadão torturado havia cumprido pena por roubo e ganhou a liberdade na quinta-feira, 10 de agosto. Acontece que enquanto ele estava preso se desentendeu com outros presidiários, provavelmente membros do PCC. Para evitar a perda de privilégios, esses presidiários não o mataram no presídio, decidindo pela execução quando ele estivesse em liberdade.
O Tenente continua seu relato: “De dentro do presídio, foi dada a ordem de sequestro, cumprida no domingo, dia 13. Enquanto os sequestradores esperavam a decisão final do tribunal do crime, a vítima foi muito agredida e torturada. Algum cidadão da vizinhança entendeu o que estava acontecendo e fez a denuncia anônima, na noite da segunda-feira, dia 14, quando fomos acionados e invadimos o cativeiro. Levamos o rapaz imediatamente para o hospital e conseguimos salvar sua vida”.
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Perguntei ao Tenente como um PM se sente ao salvar um ex-presidiário das mãos de criminosos.
“Não é porque a vítima é um ex-presidiário, ou um criminoso procurado, que ele perde seus direitos garantidos pela lei. A ROTA atua na legalidade, leva a lei para qualquer lugar e a aplica em qualquer situação, protegendo qualquer pessoa. Nossa eficiência aumenta com a colaboração da população, como aconteceu nessa ocorrência”.
Para conhecer alguns detalhes e escrever essa matéria, liguei para o Tenente PM Soares. Assim que ele atendeu disse: “Estou de folga e agora não posso falar...”. Interrompi imediatemente e disse que não tinha nenhum problema. Me senti péssimo em invadir seu espaço privado, no momento que ele tem para passar com sua família. Mas na ROTA nem tudo é o que parece ser.
O Tenente esperou eu terminar e disse a frase completa: “Estou de folga e agora não posso falar, pois estou no meio de uma ocorrência meio pesada. Você pode me ligar mais tarde e conversamos com calma?”. Quando liguei ele relatou os fatos, mas com várias interrupções, pois já estava em outra ocorrência.
Típico Policial de ROTA: o trabalho para servir à sociedade é sempre prioridade.
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