Milhares de pessoas celebram em Paris os resultados das eleições legislativas da França
OLYMPIA DE MAISMONT
Milhares de pessoas celebram em Paris os resultados das eleições legislativas da França

Os partidos políticos iniciam nesta segunda-feira (8) as negociações complexas na França para nomear um novo governo, depois que a esquerda surpreendeu e derrotou a extrema direita nas eleições legislativas, mas sem conquistar a maioria absoluta.

O presidente francês, Emmanuel Macron, provocou um terremoto político no país ao antecipar as legislativas após a vitória da extrema direita nas eleições europeias de 9 de junho, com o objetivo declarado de pedir um "esclarecimento político" aos eleitores.

Os franceses responderam e estabeleceram uma nova relação de forças entre os três blocos que saíram das urnas nas eleições de 2022: esquerda, centro-direita e extrema direita. Porém, nenhum conquistou a maioria absoluta de 289 deputados.

A coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP) conseguiu quase 180 cadeiras na Assembleia Nacional, seguida pela aliança centro-direita Juntos (quase 160), de Macron, e do partido de ultradireita Reagrupamento Nacional (RN) e seus aliados (mais de 140).

Os líderes da NFP já anunciaram que estão prontos para "governar".

"Vamos governar, a esperança gerada pela coalizão de esquerda não pode ser fraudada", afirmou a líder ecologista Marine Tondelier.

Emmanuel Macron deve "sair ou nomear um primeiro-ministro" da Nova Frente Popular, declarou Jean-Luc Mélenchon, o veterano líder do partido A França Insubmissa (LFI, esquerda radical), a principal legenda da coalizão.

O líder do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que é necessário "apresentar um candidato" ao cargo de primeiro-ministro "ao longo da semana", um nome que será escolhido por "consenso ou por votação".

Mas para governar será necessária uma maioria e, dentro desta coalizão que vai de social-democratas a anticapitalistas, os integrantes discordam sobre a atitude que deve ser adotada para possíveis alianças parlamentares.

O líder do partido LFI cristaliza parte das tensões. Diante da rejeição do nome de Mélenchon como um possível candidato a primeiro-ministro, a deputada Mathilde Panot destacou nesta segunda-feira que ele "não está em absoluto desqualificado".

"Teremos de nos comportar como adultos", disse Raphaël Glucksmann, símbolo da ala social-democrata da NFP, para quem "dialogar é uma mudança de cultura política" em uma França pouco habituada ao parlamentarismo.

O partido de direita Os Republicanos (LR), que conseguiu manter quase 60 deputados na Assembleia depois que parte da legenda estabeleceu um acordo com a extrema direita, já anunciou que "não haverá coalizão nem compromisso" da sua parte.

"A maré continua subindo"

Após uma campanha tensa, em que Macron acusou a LFI de ser "antissemita" e "antiparlamentar", a sua aliança de centro-direita considera difícil apoiar um governo que inclua este partido ou mesmo estabelecer acordos com a legenda.

O programa da NFP também inclui várias 'linhas vermelhas' para a aliança governista e para a direita, como a revogação da impopular reforma da Previdência de 2023 e a aprovação de um imposto sobre grandes fortunas.

Edouard Philippe, ex-premiê e aliado de Macron, fez um apelo para que as forças políticas trabalhem pela "criação de um acordo", mas sem RN ou LFI, já que uma "ausência de maioria e de governo exporia a França a perigos temíveis".

À espera de um eventual acordo, o primeiro-ministro Gabriel Attal, que deve apresentar sua renúncia nesta segunda-feira, afirmou que está disposto a continuar "enquanto o dever exigir", a menos de três semanas do início dos Jogos Olímpicos de Paris.

Mas o processo pode levar tempo. Macron já anunciou que vai esperar para ver como ficará estruturada a Assembleia Nacional, que iniciará a legislatura em 18 de julho, para decidir quem nomeará como primeiro-ministro, segundo a presidência.

Isolada e derrotada graças à "frente republicana" que a esquerda e a aliança governista estabeleceram no segundo turno das legislativas, a extrema direita pode virar a principal força de oposição durante a próxima legislatura.

"A maré está subindo. Desta vez não subiu o suficiente, mas continua subindo e, consequentemente, nossa vitória apenas foi adiada", declarou a líder da extrema direita Marine Le Pen, que espera conquistar a presidência da França em 2027.

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