Simpatizantes do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, exibem sua foto diante da sede do partido BJP, em 4 de junho de 2024, em Nova Délhi
AFP
Simpatizantes do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, exibem sua foto diante da sede do partido BJP, em 4 de junho de 2024, em Nova Délhi

O partido do primeiro-ministro  Narendra Modi está muito próximo da vitória nas eleições legislativas da Índia, após a apuração de metade das urnas, mas tudo indica que sua maioria parlamentar será reduzida.

Os dados divulgados pela Comissão Eleitoral, com metade dos votos contados, indicam que o Bharatiya Janata Party (BJP, Partido Popular Indiano) e seus aliados terão 290 das 543 cadeiras da Câmara Baixa do Parlamento, abaixo das 353 conquistadas nas eleições de 2019.

Apesar do resultado abaixo do esperado, o número supera os 272 deputados necessários para conquistar maioria absoluta.

Após uma década promovendo sua agenda nacionalista hindu, o chefe de Governo de 73 anos caminha para um terceiro mandato, apesar das acusações da oposição e das preocupações sobre os direitos das minorias religiosas.

Um total de 642 milhões de indianos votaram nas legislativas, divididas em sete etapas ao longo de seis semanas, um desafio logístico no país de maior população do planeta.

A queda no apoio ao BJP e seus aliados teve repercussão na Bolsa indiana, que registrou queda de 7% no principal índice, Sensex.

As ações da principal unidade da empresa Adani Enterprises, que pertence a um importante aliado de Modi, Gautam Adani, caíram 25%.

No fim de semana, Modi, convencido de que conquistaria uma vitória contundente, declarou que "as pessoas na Índia votaram em números recorde" a favor do seu governo.

A oposição conseguiu melhorar seu resultado eleitoral, apesar de ter enfrentado vários processos judiciais, que muitos denunciam como parte da campanha política de Modi contra qualquer dissidência.

O centro de pesquisas americano 'Freedom House' destacou que este ano o BJP "utilizou cada vez mais as instituições governamentais para atacar os rivais políticos".

Um dos casos citados como exemplo pela oposição é o de Arvind Kejriwal, ministro-chefe da capital, Nova Délhi, detido em março por um caso de corrupção, liberado em maio para a campanha eleitoral e novamente preso no domingo passado.

"Quando o poder se transforma em ditadura, a prisão vira uma obrigação", disse Kejriwal, uma figura crucial na aliança de oposição.

A política do primeiro-ministro também provoca receio entre a minoria religiosa de mais de 200 milhões de muçulmanos, preocupados com seu futuro neste país constitucionalmente secular.

Desafio logístico

As eleições representaram um desafio logístico no país gigantesco, que inclui zonas eleitorais em megacidades como Nova Délhi e Mumbai, mas também em áreas florestais isoladas e na conturbada região da Caxemira, no Himalaia.

Para facilitar a apuração, os eleitores votaram em urnas eletrônicas.

A contagem dos votos começou às 8H00 locais (23H30 de Brasília, segunda-feira) nos centros de apuração de cada estado, onde os dados são inseridos em computadores.

As principais redes de televisão indianas mantêm repórteres diante de cada centro de apuração para anunciar o mais rápido possível os resultados para cada uma das 543 vagas na Câmara Baixa do Parlamento.

A Comissão Eleitoral celebrou um "recorde mundial" de 642 milhões de votos nas legislativas, mas a taxa de participação caiu na comparação com 2019, de 67,4% para 66,3%.

Os analistas atribuem a taxa de comparecimento menor às temperaturas elevadas das últimas semanas no norte da Índia, onde os termômetros superaram 45ºC.

Ao menos 33 funcionários do sistema eleitoral morreram na onda de calor de sábado no estado de Uttar Pradesh, onde a temperatura atingiu 46,9ºC.

O presidente da Comissão Eleitoral, Rajiv Kumar, admitiu que as votações deveriam ter acabado um mês antes. "Não deveríamos ter feito isso com tanto calor", disse.

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!