23 anos, celebrando sua formatura na Universidade de Rhode Island (EUA)
Reprodução/Redes sociais
23 anos, celebrando sua formatura na Universidade de Rhode Island (EUA)



Aos 23 anos, Timothy Myles Howard havia acabado de se formar na Universidade de Rhode Island, nos Estados Unidos, e se preparava para iniciar uma nova fase da vida, cheia de planos e possibilidades.

No entanto, poucos dias após a formatura, uma reação alérgica severa interrompeu abruptamente esse futuro promissor. A informação foi compartilhada pela mãe dele nas redes sociais em 25 de maio.

Segundo Patty e Tim Howard, pais de Timmy, o doce estava contaminado com traços de amendoim, ao qual ele era  altamente alérgico. O corpo do rapaz entrou em  choque anafilático  imediatamente após a ingestão.

Ao perceber a gravidade da situação, o jovem correu até o quarto dos pais. A família aplicou três doses do medicamento EpiPen, usado em casos de anafilaxia, mas a reação foi tão rápida que o tratamento não surtiu efeito. 

Desde a perda do filho, os Howard têm se dedicado a conscientizar a sociedade sobre os perigos das alergias alimentares e a necessidade urgente de tornar a rotulagem de produtos mais clara e eficaz.

A irmã de Timmy, Julia, faz um apelo direto à indústria alimentícia:  “Não podemos mais depender apenas de avisos genéricos como ‘pode conter’. Precisamos de mais responsabilidade e clareza nas embalagens”.

O pai, Tim, destaca o papel dos consumidores:  “É essencial que as pessoas leiam cuidadosamente os rótulos e não subestimem um aviso, por mais vago que pareça”.

Alerta nos rótulos: "pode conter" não é garantia de segurança

Nos Estados Unidos, a legislação exige que alimentos embalados informem claramente se contêm um dos nove principais alérgenos: leite, ovo, amendoim, castanhas, soja, trigo, peixe, frutos do mar e gergelim.

No entanto, não há obrigatoriedade legal para informar sobre possíveis  contaminações cruzadas  — quando o alimento não leva diretamente o alérgeno, mas pode ter entrado em contato com ele durante a produção.

É justamente nessa brecha que a tragédia de Timmy aconteceu: o rótulo da barra de chocolate trazia a expressão “pode conter amendoim” , mas a advertência não foi suficiente para evitar o pior.

Já no Brasil, a rotulagem de alimentos é regulamentada pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 26/2015 da Anvisa, que determina a obrigatoriedade de informar, nos rótulos de produtos embalados, a presença de 17 alimentos considerados alergênicos. Entre eles, estão cereais que contêm glúten(como trigo, centeio, cevada e aveia), crustáceos, ovos, peixes, amendoim, soja, leite de mamíferos em geral e diversas variedades de nozes e castanhas.

A norma também exige a indicação de sulfitos quando sua concentração for igual ou superior a 10 mg/kg, conforme orientações do National Institutes of Health (NIH). Criada com o objetivo de proteger pessoas com alergias alimentares, a legislação garante que o consumidor tenha acesso a informações claras e visíveis nos rótulos, por meio de expressões diretas como “contém amendoim” ou “contém nozes”. Além disso, a resolução estabelece que essas advertências sejam apresentadas com destaque e em tipografia legível.

Segundo especialistas, adolescentes e jovens adultos formam o grupo com maior risco de anafilaxia fatal por alimentos. Isso porque, nessa fase da vida, o desejo de autonomia pode fazer com que deixem de perguntar ou checar ingredientes em festas, restaurantes ou reuniões informais. 


Campanha em homenagem a Timmy já arrecadou quase US$ 28 mil

Abalados pela perda, os amigos de Timmy, especialmente seus colegas da fraternidade universitária, decidiram agir. Lançaram uma campanha de arrecadação de fundos em nome dele para apoiar a organização  Food Allergy Research & Education (FARE), que atua na conscientização e financiamento de pesquisas sobre alergias alimentares. Até o dia 10 de junho, já haviam conseguido reunir quase  28 mil dólares, ou seja, cerca de 155 mil reais na cotação atual.

No site da campanha, os amigos escreveram:  “Vamos nos unir em memória de Timmy e ajudar a construir um futuro mais seguro para todos” . A dor da família é profunda, mas o desejo de transformar sofrimento em prevenção move cada passo.  “Não queremos que nenhuma outra família passe pelo inferno que estamos vivendo após enterrar um filho” , desabafa Patty.

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