O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste sábado (16), no Rio de Janeiro, durante o encerramento do G20 Social , que os países do grupo das maiores economias do mundo devem discutir medidas para "promover jornadas de trabalho mais equilibradas". Sua fala sobre o tema acontece em um momento de crescente debate no Brasil sobre a escala de trabalho 6x1 (seis dias de trabalho e um de descanso semanal), que ganhou força nas redes sociais recentemente.
"O G20 precisa discutir uma série de medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas. Precisa ouvir a juventude, que enfrentará as consequências das tarefas que deixarmos inacabadas", afirmou Lula, destacando a importância de uma abordagem mais justa em relação ao trabalho, que leve em conta os direitos dos trabalhadores e o bem-estar social.
Apesar de sua ênfase no tema, o presidente não fez referência direta à discussão sobre a jornada de trabalho no Brasil, onde a proposta de uma mudança na escala de trabalho tem sido foco de debates intensos. No local onde o evento foi realizado, o Armazém 3, estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) seguravam uma faixa gigante abordando a temática da jornada de trabalho, evidenciando a mobilização popular em torno da questão.
Lula também ressaltou que "para chegar ao coração dos cidadãos comuns, os Governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas". O presidente criticou a atual lógica neoliberal, que, segundo ele, agravou as desigualdades econômicas e políticas em várias democracias. "O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias", disse, apelando por um olhar mais atento às necessidades da população.
Contexto
O discurso de Lula sobre jornadas de trabalho mais equilibradas ocorre justamente quando a discussão sobre a escala 6x1, muito comum no Brasil, tem ganhado nova força. Nos últimos dias, um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) trouxe o tema à tona ao propor uma jornada de trabalho de 36 horas semanais, divididas em quatro dias. A medida visa reduzir a carga horária e proporcionar mais qualidade de vida ao trabalhador, além de trazer mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O evento que marcou o encerramento do G20 Social foi uma iniciativa inédita do Brasil, com o objetivo de reunir movimentos sociais e a sociedade civil para apresentar suas demandas antes da cúpula de chefes de Estado do G20, que ocorrerá nos próximos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro.
G20 Social
O G20 Social foi promovido como uma plataforma para discutir temas como desigualdade, pobreza, e as políticas necessárias para reduzir as disparidades econômicas e sociais.
O evento foi uma oportunidade para os movimentos sociais se fazerem ouvir diretamente pelas lideranças políticas que participarão da cúpula do G20, e o Brasil tem defendido que as futuras edições do encontro mantenham esse diálogo com a sociedade civil.
Com o foco nas questões sociais e na justiça econômica, Lula reforçou a importância de não perder de vista os interesses das populações mais vulneráveis, principalmente a juventude, que será responsável por lidar com as consequências das decisões políticas de hoje. "Precisamos ouvir as vozes das ruas e garantir que as decisões políticas levem em conta as necessidades reais das pessoas", concluiu o presidente.