
O advogado José Roberto Timóteo, defensor de Jean Carlos de Souza, preso por suposto envolvimento com o Hezbollah,
declarou que seu cliente "nem sabia o que era" o grupo.
“O Jean não sabia nem o que era Hezbollah. Ele perguntou pra mim: Dr, eu já ouvi falar, mas o que é o Hezbollah?”, afirmou Timóteo ao site Metrópoles, completando que o rapaz "nem fala árabe".
Jean Carlos de Souza foi preso perto de um hotel em São Paulo na última terça-feira (7) no âmbito da Operação Trapiche, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para investigar supostos planos de atentados terroristas ligados ao grupo libanês no Brasil.
Jean lanchava ao lado do hotel onde havia deixado as malas quando os agentes da PF deram voz de prisão. Por orientação do advogado, ele permaneceu em silêncio no primeiro contato com os policiais.
“Eu perguntei: Você está falando sério? Porque eu sou um advogado, e você tem de falar pra mim, lá na Justiça você pode mentir, eu vou te orientar, é outro papo, a gente vai fazer a defesa. Agora, para o seu advogado você não pode inventar. Não sabe o que é Hezbolah, não? Ele disse: Dr, ouvi falar, eu claro que fui à Turquia, ao Líbano, várias vezes, mas eu não sei o que é…”, diz o advogado.
Timóteo disse ainda que o rapaz se assustou com a proporção que o caso tomou, ao ver seu nome na TV. “Ele começou a chorar e disse: dr, mas o que é isso?”, relata.
O principal alvo da Operação é Mohhamad Akhir, que ainda é procurado pela PF. De acordo com os investigadores, há fartos indícios de que ele seja “integrante, de fato”, do grupo Hezbollah. O advogado de Jean declarou que seu cliente conhece Akhir.
“O sujeito tem café aqui para vender. Ele vai para o Líbano tentar vender café, açúcar, ouro. Como você faz isso? Se relacionando com libaneses aqui no Brasil. O Jean não fala a língua árabe e reside em Santa Catarina, em Joinville. Porque o Mohhamad Akhir mora em São Paulo, se não me engano”, afirmou.
Jean teria ido ao Líbano na companhia de Akhir "para fazer um dinheiro".
A PF determinou que Jean fique preso por 30 dias preventivamente. O advogado questiona os métodos da corporação.
”Prender alguém por 30 dias com uma acusação pesada como esta por suposição é algo vergonhoso do ponto de vista jurídico. Isso é vergonhoso”, diz o advogado.
Jean Carlos afirmou ter 38 anos, uma filha de 15 anos e um filho de dez e que "está sendo tratado como bandido". Ele se qualificou ainda como um "homem de negócios" durante a audiência de custódia.
“Já fui parado algumas vezes pela polícia federal e até então eu estava entendendo o motivo das paradas. Mas sempre que a polícia federal me para ela tem o intuito de procurar drogas na minha bagagem. Tanto é que se eu fizer uma viagem bem antes, ela vai me parar. Só que sair deu ma acusação de tráfico onde você vai esclarecer na hora e me jogar num terrorismo eu acho que é algo muito sério”, disse.
O que aconteceu
A Polícia Federal prendeu temporariamente dois homens financiados e aliciados pelo grupo radical libanês Hezbollah. Na operação, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Distrito Federal e Minas Gerais.
De acordo com a PF, o grupo pretendia atacar sinagogas e outros prédios da comunidade judaica brasileira. A investigação aponta para a possibilidade dos homens terem chegado ao Brasil já com informações sobre os locais planejados para os atentados.
Os dois foram presos em São Paulo. Um deles havia acabado de chegar de uma viagem do Líbano, e foi detido no aeroporto de Guarulhos.
Os envolvidos devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo.