Uma das estudantes que zombou publicamente, em um transmissão ao vivo na internet, de uma colega de sala mais velha , no curso de Biomedicina em uma universidade particular em Bauru (SP), afirmou que vem sofrendo ameaças após a repercussão do caso.
Em uma nota publicada em sua rede social, Giovana Cassalatti disse que está sendo alvo de ameaças de morte e agressão e que tomará medidas jurídicas contra aqueles que a ofendem e agridem.
Ela é uma das três jovens que aparecem em um vídeo que viralizou nas redes sociais, zombando de Patrícia Linares , uma colega de turma que completou 45 anos esta semana.
No comunicado ela disse que jamais teve o objetivo de atentar contra a imagem da colega de turma e que o episódio não deve ser usado para oprimir ou ameaçar jovens.
O caso gerou indignação nas redes sociais e também entre os alunos da universidade. As estudantes podem responder judicialmente pelo episódio.
Saúde mental
A estudante afirmou que as ameaças causaram problemas na sua saúde mental, porque os valores que ela aprendeu em sua família não estão de acordo com a ideia de desvalorizar alguém, independentemente do que está sendo divulgado.
O comunicado ressaltou que a estudante não acredita em preconceito de qualquer tipo, incluindo idade, raça, classe social, religião ou gênero, e que este incidente reforçará sua busca por comportamentos que estejam em consonância com seus princípios éticos e morais no dia-a-dia.
Nota na íntegra
"Giovana Cassalatti, universitária bauruense envolvida em caso de grande repercussão midiática na última semana, vem, por seu advogado, manifestar-se quanto ao ocorrido.
Antes de tudo, cumpre esclarecer que o caso tomou proporções inimagináveis, pois inicialmente o fatídico vídeo foi publicado em rede social de uma das alunas e, apenas, para seus 15 (quinze) melhores amigos.
Logo, afirma-se que jamais objetivou-se atentar contra a imagem ou qualquer outro direito da personalidade pertencente à personagem alvo das falas contidas no vídeo, que, por sua vez, sequer teve seu nome citado.
Ao contrário, um dos participantes do precitado grupo restrito da rede social utilizou-se do vídeo para lançá-lo na rede mundial de computadores, de maneira irrestrita, sem contexto e em prejuízo à imagem das integrantes do vídeo.
Ressalta-se que as falas podem ter repercussão no campo moral. Entretanto, a tentativa de criminalização e as suposições quanto à possíveis atos ilícitos no âmbito civil, amplamente veiculadas nos últimos dias, ultrapassam a medida do razoável.
Os fatos ganharam tamanha proporção que as jovens passaram a ser alvo de ameaças de morte e agressão, o que lhes impede de retomar suas vidas cotidianas. Trata-se, pois, de sequelas infinitamente maiores às, supostamente, impelidas a quaisquer dos personagens envolvidos no caso.
Neste ponto, é preciso destacar a força das redes sociais e seus influenciadores que, por não medirem a força de seus posicionamentos e colocações acabam por incentivar o linchamento virtual e por incitar grupos radicais à prática de agressões reais.
Sobre o tema, informamos que as medidas jurídicas contra àqueles que ofendem, agridem, disseminam informações falsas, criam perfis falsos em redes sociais e ameaçam a integridade física da universitária serão tomadas em momento oportuno, pois o ambiente virtual não pode servir de escudo para a prática de crimes.
Tais questões, por óbvio, geraram repercussão na saúde mental da universitária, pois os valores morais recebidos de sua família são incompatíveis com o desejo de inferiorizar um semelhante, independentemente do que vem sendo veiculado.
O preconceito - seja ele etário, racial, social, religioso, de gênero e todas as suas demais expressões - não faz parte dos valores disseminados pela estudante, de maneira que o episódio reforçará sua busca por posições que se coadunem com seus princípios éticos e morais em seu cotidiano.
Por fim, em que pese sabidamente complexo, o ocorrido não deve servir-se ao papel de oprimir, calar, envergonhar ou ameaçar jovens, cuja trajetória ainda se inicia. Inevitavelmente, durante a vida, lições serão aprendidas, entretanto a maneira de ensiná-las é uma escolha da sociedade em que vivemos".
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