Após ações de proibição do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami , pessoas, incluindo homens e mulheres que trabalhavam no local começaram a fugir em barcos e canoas lotadas. Desde a última quarta-feira, a Força Aérea Brasileira vem contribuindo para evitar que garimpeiros invadam a região através das diversas pistas clandestinas.
A decisão da fuga só teve início, após uma expectativa de que está para acontecer nos próximos dias uma grande operação com o objetivo de expulsar todos os garimpeiros que trabalhavam na área. Para isso, ações das Forças Armadas Nacional e da Polícia Federal se resumiram na ocupação deles no território indígena como forma de intimidar qualquer garimpeiro.
Durante a visita em Roraima no sábado (4), a ministra Sonia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas, comentou através de uma coletiva de imprensa que o governo já tomou ciência da saída dos invasores por meio dos serviços de inteligência .
“Temos essa informação de que muitos garimpeiros estão saindo. É bom que saiam, assim a gente diminui a operação que vai ser feita. Se eles saem sem precisar da força policial, é melhor para todo mundo”.
Essa atitude ilegal dos garimpeiros acabou causando uma crise humanitária sem igual no território. Só em 2022, por exemplo, o garimpo ilegal aumentou em 54% em uma área que deveria ser preservada por lei.
Do outro lado, mulheres têm enfrentado um problema ao deixar a área , por conta da dificuldade de sair e uma delas alega que a pé e sem mantimentos necessários para ter força fica difícil, devido ao tempo de caminhada que leva 30 dias e que os helicópteros cobram R$ 15 mil por voo.
Só como exemplo, da região principal da terra dos Yanomamis, Surucucu até Boa Vista , são cerca de 280 km , ou aproximadamente 1h30 de voo. Já de barco, o percurso é de, pelo menos, sete dias pelo rio Uraricoera.
Além disso, por conta de a região ser de mata fechada e montanhosa, acaba agravando ainda mais o trajeto de fuga dos garimpeiros.
Devido a essa situação, o governador de Roraima, Antônio Denarium (PT) pediu ao governo Lula que apoie a saída de "trabalhadores que escolheram a saída espontânea e pacífica".
Em nota, o ministro da Defesa, José Múcio, confirmou que estará no estado na próxima semana, e que será avaliada “com carinho”.
A Terra Yanomami conta com mais de 10 milhões de hectares espalhados entre os estados de Amazonas e Roraima e atualmente há cerca de 30 mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.