A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que concedeu 116 inserções de direito de resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode prejudicar a campanha do petista na reta final do segundo turno. Essa é a avaliação feita pela jornalista e escritora Madeleine Lacsko, em uma live promovida pelo UOL nesta semana.
Segundo a jornalista, o pedido de resposta de Lula dará munição o presidente Jair Bolsonaro (PL) para aumentar a rejeição do petista. Bolsonaristas usam o argumento de que a vitória do PT provocaria a censura da imprensa.
“Pior ideia [ter pedido a retira de conteúdos falsos], ele pode ter sacrificado a eleição nisso. Isso vai atiçar a narrativa do bolsonarismo de anos é o quê ‘o PT vai chegar ao poder e vai censurar as pessoas. Estamos falando aqui de pessoas que estão há anos querendo acreditar nisso, então não vai importar o que aconteceu. Aí vai o PT e pede para fazer uma ação de retirada de conteúdo em combate de informação”, avalia a jornalista.
“Isso pode ter sido comprometer a vitória do Lula, sim. O PT entrega [a eleição] de bandeja para ele [Bolsonaro] com uma coisa que, vamos dizer, naturaliza o discurso que já rola há anos entre os antipetistas de que o PT quer censurar as pessoas”, concluiu.
Neste sábado (22), o TSE acatou o pedido do Partido dos Trabalhadores e concedeu 116 direitos de resposta após Lula ser associado a casos de corrupção e pela liberação dos sequestradores do empresário Abílio Diniz. As inserções serão veiculadas na última semana da campanha eleitoral.
Na opinião de Madeleine, o segundo turno da campanha presidencial deverá focar na rejeição dos candidatos. Enquanto a quantidade de eleitores que não votariam em Bolsonaro se manteve estável nas últimas pesquisas, os de Lula apresentou alta de 1 ponto percentual.
“Nós estamos falando de uma eleição que não vai ser mais ganha no convencimento. Quem tinha de ser convencido que um é melhor ou outro é melhor já foi. Agora o trabalho é aumentar a rejeição”, avalia.
“Foi um tiro no pé do PT. Não devia ter se metido nisso. Eu acho que o costume de patrulhar os outros está tão ali integrado no partido que o jurídico nem pensou em ver que o pessoal da campanha isso iria prejudicar ou não”, completou.