Indígenas Guarany-Kaiowá que vivem próximos ao município de Amambai (MS) denunciam a morte de um de seus líderes por capangas de fazendeiros e políciais militares. Um grupo de indígenas teria sofrido um emboscada nesta quinta-feira 14 de julho ao seguir para uma suposta prestação de serviço próximo a entrada da aldeia, localizanda na rodovia estadual MS-383 na altura do Km 01.
A vítima é Márcio Pereira, um dos integrantes do grupo de 'retomada do território Guapoy Mirim'. Ele foi morto a tiros duas semanas após contronto com a PM durante a ocupação dos indígenas em propriedades hoje particulares na região. Outros dois indígenas que estava com Márcio estão desaparecidos. Apenas um deles conseguiu fugir.
De acordo com uma testemunha, eles foram vítimas de uma emboscada de capangas de fazendeiros e policiais militares que atuam com milícia armada. Os indígenas foram chamados para prestar um serviço de construção de um muro na região da Caoma Cooperativa Agroindustrial próximo a entrada da Aldeia Indígena. Lá se teriam sido recebidos por homens armados.
Wilis Fernandes Kaiowá está preso e é filho de Vítor Fernandes, que morto pela polícia no dia 24 de junho durante tentativa de despejo dos indígenas da terra ancestral, que hoje os Guarani-Kaiowá lutam para ter de volta o direito.
O jovem foi levado para delegacia acusado de ter iniciado o tiroteio. Os outros dois rapazes que estavam com eles estão desaparecidos. De acordo com nota do movimento Aty Guaçu, os indígenas teriam sido chamados por um taxista para fazer o muro da casa dele, quando chegaram ao local dois homens os esperavam. Eles os questionavam "se eram da retomada". E seguiram pressionando até que começou uma discussão entre eles.
'Os pistoleiros dispararam contra Márcio e o segundo indígena conseguiu fugir, desviando de dois tiros. Um deles também foi ferido com uma coronhada durante a discussão', diz a nota.
Centenas de indígenas permanecem no local que hoje funciona como fazenda particular. A Justiça Federal de Ponta Porã (MS) negou pedido do fazendeiro para que fossem despejados. Na decisão, o juiz informa que “não se vislumbra a existência de elementos que descaracterizem o movimento de disputa por terras tradicionalmente ocupadas por comunidades indígenas diante da completa ineficiência estatal em resolver a questão”.
Nossa reportagem entrou em contato com a Delegacia de Polícia Civil de Amambai no MS, mas fomos informados a contactar a Assessoria de Imprensa da Polícia Civil, que até fim dessa reportagem não respondeu aos nossos contatos.
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