Após uma estudante do curso de História da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) postar nas redes sociais fotos comemorando seu aniversário de 24 anos com um bolo confeitado com um retrato de Adolf Hitler, a instituição encaminhou o caso às autoridades policiais "para as providências adequadas". Caroline Gutknecht aparece em uma das imagens que circulam nas redes sociais atrás de uma mesa com o bolo customizado.
Em nota, a UFPel afirmou que está acompanhando e averiguando os fatos ocorridos com a "cautela necessária, também para que não aconteçam atos injustos, devido a análises intempestivas".
"Uma universidade precisa ser um espaço de apoio a todas as pessoas, garantindo direitos, valorizando a vida. A UFPel é contra qualquer forma de enaltecimento ao nazismo, ao fascismo e a autores de crimes contra a Humanidade. Em dias tão tristes como os que estamos vivendo, de pandemia, de afastamento e de crise de valores, precisamos cuidar de nós, cuidar das pessoas à nossa volta, assim como daqueles e daquelas que necessitam do nosso apoio", informou, em nota.
A assessoria da reitora da UFPel, Isabela Andrade, reiterou que a instituição repudia "qualquer apologia ao nazismo ou qualquer outra forma de discriminação", e destacou que o fato não ocorreu nas dependências da universidade, portanto foi encaminhado à autoridade policial. Até o momento a o EXTRA não conseguiu entrar em contato com Caroline Gutknecht.
Conforme noticiou a coluna de Ancelmo Gois, a deputada Juliana Brizola (PDT-RS) entrou com uma denúncia no Ministério Público do Rio Grande do Sul contra "apologia nazista" que teria sido praticada pela estudante.
"Em tempos de proliferação do discurso de ódio, manifestações neonazistas e racistas têm surgido em diversos setores da sociedade, causando a necessidade de ações firmes de todas instituições estatais. É intolerável qualquer manifestação, sob um falso argumento de liberdade de expressão, que faça apologia ao nazismo. Estes símbolos trazem consigo as ideias de intolerância, ódio, racismo e extermínio do outro e não podem, de forma alguma, serem admitidos", afirmou a deputada no ofício.
Segundo mostrou o Globo, o número de inquéritos abertos pela Polícia Federal para investigar casos de apologia ao nazismo disparou em 2020, na comparação com a série histórica da última década. Dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que, depois de já registrar alta significativa, passando de 20, em 2018, para 69 registros em 2019, as apurações contabilizadas pela PF somaram 110 no ano passado, o que representa um crescimento de 59% e uma média de um inquérito aberto a cada três dias.
Na semana passada, um caso envolvendo a pintura do piso de uma área no Parque da Redenção, em Porto Alegre, causou revolta em moradores da capital gaúcha. O fundo vermelho com traços na cor preta foram considerados semelhantes a uma suástica, um dos principais elementos da simbologia nazista. A prefeitura solicitou na sexta-feira a elaboração de um laudo emergencial para verificar se o piso tem vinculações com essa simbologia.