O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado Federal, afirmou que ingressou com uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após as declarações contra o ministro Alexandre de Moraes e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas manifestações de hoje .
No documento, Randolfe pede que Bolsonaro seja investigado por "atentado contra a ordem constitucional, o Estado Democrático de Direito e a separação de Poderes", pelo financiamento dos atos e pela "utilização indevida da máquina pública, do dinheiro público, helicópteros em favor desses atos", escreveu.
O senador pede também a abertura de um inquérito pelo que classificou como "grave ameaça" ao funcionamento do poder Judiciário. Em São Paulo, Bolsonaro disse que não cumpriria decisões de Moraes. "Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá", disse.
Atos antidemocráticos
Pela manhã, em Brasília, o presidente já havia ameaçado o Supremo, mas sem citar nomes. "Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição. Não mais aceitaremos qualquer medida, qualquer ação ou qualquer certeza que venha de fora das quatro linhas da Constituição. Nós também não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos três poderes continue barbarizando a nossa nação. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos. Nós valorizamos, reconhecemos e sabemos o valor de cada poder da República. Nós todos aqui, na Praça dos Três Poderes, juramos respeitar a nossa Constituição, quem age fora dela se enquadra ou pede pra sair", disse Bolsonaro.
Sobre "o chefe desse poder", Bolsonaro se referia a Luiz Fux, presidente do STF. Ele pede que Fux "enquadre" o ministro Alexandre de Moraes, sem citá-lo nominalmente. Moraes foi responsável pelo pedido de prisão de Roberto Jefferson, apoiador de Bolsonaro, e do caminhoneiro Zé Trovão, que fizeram ataques diretos ao STF. Bolsonaro é investigado em mais de um inquérito, de fake news e de prevaricação, por exemplo, na Suprema Corte.
Após o discurso do presidente, Alexandre de Moraes usou as redes sociais para falar sobre o Dia da Independência, reforçando a importância do respeito à Democracia.
Em São Paulo, o discurso foi mais contundente. "Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, este presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou. Ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais! Liberdade para os presos políticos! Fim da censura! Fim da perseguição àqueles conservadores, àqueles que pensam no Brasil", disse, a uma multidão entusiasmada, que gritava 'eu autorizo'.
Ele voltou a defender o voto impresso, mesmo após o projeto ter sido enterrado no Congresso Nacional, e defendeu a MP que limita a remoção de conteúdo das redes sociais, editada ontem (6). João Doria, governador de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a imprensa também foram alvos do discurso.