A apresentação ao Senado pelo presidente Jair Bolsonaro de um pedido de impeachment contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes foi avaliada como "péssima" pelo ministro aposentado Marco Aurélio Mello, que deixou a Corte no último dia 12 de julho.
"Estão esticando muito a corda, e isso é muito ruim. Isso não é bom em termos de bem estar para a sociedade. É péssimo em termos de fortalecimento das instituições, o momento, principalmente considerada a crise de saúde, é de temperança, de compreensão, de todos estarem unidos visando o melhor para o povo" avaliou o ex-decano.
O documento encaminhado por Bolsonaro foi recebido pelo chefe de gabinete do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Inicialmente o presidente manifestava a ideia de entrar com um pedido de impedimento também contra o ministro Luís Roberto Barroso, a quem critica pelo trabalho à frente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas desistiu.
Para Marco Aurélio, as chances de o movimento de Bolsonaro contra Moraes prosperar no Senado são mínimas, e não ajuda no estabelecimento das relações entre os Poderes.
"Decisão judicial se observa ou se impugna. Eu acho que é péssimo, eu não vejo com bons olhos o que está ocorrendo. Temos que respeitar a cadeira de presidente, a cadeira de ministro do supremo, isso é o que convém. São os tempos estranhos. Onde vamos parar em 2022?", questionou ainda o ministro aposentado.
Na peça entregue ao Senado, Bolsonaro escreve em primeira pessoa e afirma que, como presidente, é alvo de críticas. Ele também argumenta que, da mesma forma, os membros dos demais poderes, inclusive dos tribunais superiores, também devem “submeter-se ao excretório público e ao debate político”.