Relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros
Jefferson Rudy/Agência Senado
Relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros

BRASÍLIA - O  relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), disse neste sábado esperar que o presidente Jair Bolsonaro não tenha responsabilidade sobre o agravamento da pandemia no país, que já matou mais de 400 mil pessoas. Por outro lado destacou que, se isso for provado, ele vai ser responsabilizado. A declaração foi dada em entrevista ao Grupo Prerrogativas, que reúne advogados.

Primeiramente, o senador citou algumas declarações de Bolsonaro que ele chamou de "absurdos":

— O que deve ser levado em conta é a maneira como o governo minimizou a pandemia, como o governo entendia que ela não era letal, não causa mortes, como o governo minimizou o papel da vacina, que é o único instrumento que pode resolver o problema, e como o governo fechou as portas para os produtores de vacinas. Não foi só para a Pfizer. Por quê? Porque o presidente disse várias vezes que não acreditava na vacina, muito menos na chinesa, que quem tomasse ia virar jacaré e afinar a voz.

Depois concluiu:

— Não dá para comparar, por tudo isso, a circunstância do Brasil com a de nenhum outro país. Em nenhum outro lugar, o chefe de Estado ou de governo falou publicamente esses absurdos para os seus governados, para a sua população. Então não dá. Só tivemos isso no Brasil. Eu espero que o presidente da República não tenha responsabilidade com o agravamento do morticínio no Brasil. Espero que a CPI não chegue a tanto. Mas se a CPI chegar, não tenho nenhuma dúvida que ele será responsabilizado sim.

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O senador voltou a elogiar os depoimentos dados à CPI pelos ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que reafirmaram discordar da forma como Bolsonaro conduziu o enfrentamento à pandemia. Quanto ao depoimento do atual ministro, Marcelo Queiroga, Renan disse que ele adotou uma estratégia de não falar a verdade.

— Tivemos um depoimento do atual ministro que não foi esclarecedor porque visivelmente ele defendeu uma estratégia de não responder as perguntas objetivamente e consequentemente não falar a verdade. Mas ainda reconheceu a existência do grupo paralelo [de assessoramento ao presidente], o constrangimento em algumas oportunidades de ser desautorizado pelo discurso negacionista do presidente da República — disse o relator da CPI.

Queiroga foi questionado várias vezes sobre declarações de Bolsonaro. A resposta padrão foi a de que ele não poderia fazer juízo de valor sobre falas do presidente. Também houve perguntas sobre falhas do Ministério da Saúde antes de sua chegada ao cargo. Nesse caso, a resposta padrão foi a de que não poderia falar sobre gestões anteriores.

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