A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou um pedido de esclarecimentos ao ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles sobre a acusação feita pela Polícia Federal de que ele atuou para obstruir uma investigação sobre desmatamento e favorecer madeireiros. Após a resposta do ministro, a equipe do procurador-geral da República Augusto Aras decidirá se pede ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra Salles.
Os questionamentos da PGR se baseiam na notícia-crime encaminhada ao STF pelo delegado Alexandre Saraiva, que era superintendente da PF no Amazonas e foi substituído pela nova direção da Polícia Federal. Saraiva narrou possíveis crimes envolvendo o ministro e pediu apuração dos fatos perante o Supremo, já que ele possui foro privilegiado, mas esse pedido só pode ser feito pela PGR.
A ministra Cármen Lúcia, que recebeu o material, enviou o caso para a PGR decidir sobre a eventual abertura de investigação.
Saraiva disse que o ministro atuou diretamente para "favorecer os criminosos".
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"Num primeiro momento, ele colocou em dúvida o trabalho da PF. Em um segundo momento, foi uma conduta que patrocinava justamente a ação dos criminosos. Nos pareceu que a conduta toda favorecia os criminosos. Quando recebemos os documentos dos madeireiros e analisamos, verificamos ainda mais fraudes. Foi quando nós começamos a redigir o documento para o STF. Isso não era uma opção pra mim. É um poder-dever. Era uma obrigação. Se fosse uma pessoa sem foro, instauraríamos o inquérito. Como tinha foro privilegiado, comunicamos ao Supremo."
Em outro caso envolvendo um ministro do governo Jair Bolsonaro, uma representação contra o então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a PGR também solicitou esclarecimentos primeiro, para depois pedir abertura de inquérito.