Acusada de mandar matar o marido, o pastor Anderson do Carmo, a deputada Flordelis (sem partido-RJ) disse nesta quinta-feira (15), em audiência do Conselho de Ética da Câmara , que não é amiga da primeira-dama, Michelle Bolsonaro , ou do próprio presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O conselho ouviu o delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro Allan Duarte Lacerda, que investigou o crime. Em breve participação na oitiva, Flordelis teve a oportunidade de fazer perguntas ao delegado.
No momento em que pediu a palavra, demonstrou insatisfação sobre a vinculação política citada nos autos. Na audiência, o delegado explicou que apenas consignou relato de um dos filhos de Flordelis, Lucas Cézar dos Santos, que fez considerações sobre a possibilidade de não ser punido pela participação do crime por causa das relações políticas da deputada.
Lucas irá a júri por ter participado do crime. O rapaz é acusado de ter ajudado o irmão Flávio a comprar a arma usada no assassinato.
"Foi dito, delegado, que eu sou amiga da primeira-dama e colocado uma foto minha durante essas investigações, com a primeira-dama. Queria perguntar também por que não foi exposta, delegado, outras fotos minhas com pessoas públicas, inclusive com outros parlamentares. Eu não sou amiga da primeira-dama", disse Flordelis.
Na sequência, ela também afirmou que não era amiga de Jair Bolsonaro. Flordelis já esteve em eventos públicos e posou para fotos com ambos durante o seu mandato parlamentar.
"Nem sequer fui eleita na onda do Bolsonaro. Fui eleita pelo meu trabalho em comunidade", acrescentou a deputada.
Você viu?
O delegado, então, disse que em nenhum momento fez afirmações sobre a amizade dela com Bolsonaro ou com a primeira-dama.
"O que eu disse, nos autos, foi o que o Lucas relatou para a gente. Chegou para ele essa informação: a de que, se ele bancasse a autoria do crime, vossa excelência iria dar um jeito de facilitar a defesa dele porque conhecia a primeira-dama do presidente Jair Bolsonaro e os ministros do STF. Mas em momento algum afirmei aqui que vossa excelência é amiga pessoal da esposa do presidente Jair Bolsonaro", respondeu o delegado.
Em mais de três horas de audiência, o delegado explicou quais são as provas e as evidências usadas para apontar a autoria do crime.
"O que a gente percebe, tira de conclusão no final das investigações, é que essa versão idílica dela, de pessoa generosa, afetuosa, religiosa, altruísta, foi descortinada para dar lugar a uma personalidade desvirtuada, perigosa, manipuladora. Na minha opinião, depois de investigar o fato, entrevistar pessoas, ter acesso a provas, elementos de prova técnicos, ela é, certamente, a figura central e mais perigosa de toda essa organização criminosa intrafamiliar. Se ela não estivesse coberta sob o manto da imunidade parlamentar, certamente seria decretada a prisão dela", declarou o delegado.
O Conselho de Ética está na fase de oitiva com testemunhas do caso. Flordelis ainda terá oportunidade de apresentar a sua defesa. Depois, o colegiado votará relatório sobre a recomendação ou não da cassação do mandato. Se a conclusão for pela quebra de decoro parlamentar, o caso vai a plenário, onde haverá a votação definitiva sobre a perda do mandato.