O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gabi Ashkenazi, agradeceu neste domingo a "clara posição" do Brasil contra a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de investigar possíveis crimes de guerra nos territórios palestinos , examinando os dois lados do conflito. Ashkenazi afirmou que a decisão, tomada na última semana, distorce a lei internacional e atrapalha as negociações de paz contra palestinos.
A declaração ocorreu durante pronunciamento conjunto com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, durante visita para discutir parcerias no combate à pandemia. Ernesto não tocou no tema em sua fala, ocorrida após a do homólogo israelense.
A abertura de investigação foi anunciada na quarta-feira (03) pela promotora do TPI, Fatou Bensouda. A decisão foi tomada após o tribunal decidir, em 5 de fevereiro, que tinha jurisdição em tais casos, uma medida que gerou rejeição imediata dos Estados Unidos e de Israel e foi saudada pela Autoridade Nacional Palestina (ANP) .
"Alguns dias atrás, a promotora do Tribunal Penal Internacional tomou uma decisão ultrajante de abrir uma investigação contra Israel. Essa é a uma decisão que distorce a lei internacional e prejudica a possibilidade de avanço nas negociações entre Israel e palestinos. Eu agradeço o Brasil e lideranças brasileiras pela posição clara que a Corte não tem jurisdição ou autoridade para discutir esse assunto", declarou Ashkenazi neste domingo.
Uma declaração conjunta dos dois ministros, divulgada após o encontro, registra que "o ministro Ashkenazi expressou o profundo apreço de Israel pela posição consistente e de princípio do Brasil de que a abertura de uma investigação no TPI é um desserviço à causa da justiça, o que enfraquecerá as perspectivas de um acordo negociado para o conflito israelense-palestino".
A promotora Fatou Bensouda, que será substituída pelo promotor britânico Karim Khan em 16 de junho, disse em dezembro de 2019 que "crimes de guerra foram ou estão sendo cometidos na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental e Faixa de Gaza". Ela citou os militares de Israel e grupos armados palestinos, como o Hamas , como possíveis perpetradores.
O próximo passo será determinar se as autoridades israelenses ou palestinas têm investigações próprias e avaliar esses esforços.