Pobreza voltou a crescer entre 2014 e 2015 no Brasil, deixando País estagnado na 79ª posição no ranking do IDH
Tânia Rêgo/Agência Brasil
Pobreza voltou a crescer entre 2014 e 2015 no Brasil, deixando País estagnado na 79ª posição no ranking do IDH

Uma nova pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância ( Unicef ) com o Ibope Inteligência mostra que as famílias brasileiras mais pobres, das classes D e E , tiveram as piores quedas de renda ficando em maior situação de insegurança alimentar devido à pandemia da Covid-19 . Segundo o relatório, 30% desses lares deixaram de ter comida em algum momento de julho a novembro.


Além disso, entre todas as classes sociais, as famílias com crianças e adolescentes foram as mais atingidas : 61% viram seus rendimentos domiciliares minguarem. A insegurança alimentar e de renda ainda refletiu em menos estudantes com acesso à atividades escolares, e mais crianças e adolescentes com sintomas relacionado à saúde mental.

A segunda rodada da pesquisa “Impactos Primários e Secundários da Covid-19 em Crianças e Adolescentes”, lançada nesta sexta-feira (11), mostra que os impactos econômicos e sociais da pandemia se agravaram no segundo semestre. O relatório foi elaborado a partir de 1516 entrevistas com pessoas de todas as regiões do Brasil.

O dumento aponta que a fome voltou a assombrar famílias da base da pirâmide socioeconômica brasileira de forma mais intensa nos últimos meses. Segundo Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil, famílias mais pobres foram ficando mais vulneráveis ao longo da crise sanitária.

"De julho a novembro, o percentual de pessoas que declarou que deixou de comer porque não havia dinheiro para comprar mais comida passou de 6% para 13%. Isso é ainda mais grave entre pessoas de classe D e E, em que 30% deixaram de comer em algum momento porque não havia dinheiro para comprar mais comida", diz Bauer.

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Em todos os itens apresentados na pesquisa — renda, segurança alimentar, educação e saúde mental — que já tinha menos foi mais afetado. 15% dos lares mais pobres afirmaram ter perdido toda a fonte de renda. Além disso, 69% dos entrevistados com renda de 1 salário mínimo viram sua renda diminuir, enquanto entre aqueles que ganham mais de 10 salários, foram apenas 35%.

Menos educação, mais riscos na saúde mental

Florence Bauer ressalta ainda que a piora da insegurança alimentar acaba tendo mais consequências negativas em famílias com crianças e adolescentes. Nesses lares, a piora nos índices de acesso à educação e casos de problemas de saúde mental saltam aos olhos. A proporção de lares onde os filhos receberam atividades escolares nos cinco dias da semana anteriores à pesquisa diminuiu de 63% em julho para 52% em novembro.

Além disso, 13% das famílias responderam que crianças e adolescentes não haviam recebido atividades escolares na semana anterior à pesquisa. Isso corresponde a 7 milhões de meninas e meninos. E entre as famílias que recebem até um salário mínimo, 42% deixaram de ter acesso à merenda escolar durante a pandemia, agravando sua situações de vulnerabilidade social.

"Isso mostra que há um risco de os estudantes perderam o vínculo com a escola, agravando a exclusão, e reforça a urgência de reabrir as escolas em segurança", diz Bauer.

Ainda segundo a pesquisa, 27% dos entrevistados relataram que adolescentes no domicílio apresentaram mais quadros de insônia ou excesso de sono. Outros 29% relataram alteração no apetite e 28% diminuição do interesse em atividades rotineiras. No total, 54% das famílias dizem que seus filhos adolescentes apresentaram algum sintoma relacionado à saúde mental.

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