PM Rio de Janeiro
Reprodução/Facebook Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro)
PM Rio de Janeiro


Foi condenado a nove anos de prisão — em regime fechado — por sequestro, cárcere privado, tortura e violência contra a mulher, o sargento da PM Daniel Deglmann, de 43 anos. Ele, que é lotado no 16º BPM (Olaria), manteve por treze dias sua ex-companheira, uma jovem de 23 anos, trancafiada na casa onde ambos viviam no Parque Pauliceia, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Durante todo tempo que ficou presa em casa a mulher foi espancada e dopada para não conseguir falar com seus parentes. O crime aconteceu outubro do ano passado. Deglmann foi capturado por agentes da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Caxias após o pai da vítima denunciar o caso à Polícia Civil.


A sentença de Daniel foi proferida no dia 23 de março. Quem aplicou a pena foi o juiz Antônio Alves Cardoso Júnior, do Juizado da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, da Comarca de Duque de Caxias. Antes de ser condenado , a defesa do praça entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça (TJ) do Rio. Em duas ocasiões as solicitações foram negadas pelos desembargadores.

Durante todo o processo, Daniel ficou preso preventivamente na Unidade Prisional da Polícia Militar , no Fonseca, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Entretanto, nem mesmo as celas impediram que o agora condenado enviasse recados a amigos de farda para que a vítima e testemunhas fossem ameaçadas. Algumas testemunhas chegaram a mudar de estado.

Atualmente, um segundo inquérito da Deam-Caxias apura a coação de testemunhas e roubos dos pertences da vítim a que estavam na residência do crime.

Depois da condenação, Daniel passou a ter um novo endereço. Há mais de três meses sua residência é o Complexo de Gericinó, na Zona Oeste da capital.

'Estou muito feliz e aliviada', diz testemunha

A jovem de 23 anos disse que está “muito feliz e aliviada” pela condenação do seu ex-companheiro. Ainda muito abalada pela situação, a estudante toma remédios e fará acompanhamento com uma psiquiatra:

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"Estou aliviada e muito feliz, porque as ameaças pararam. Hoje, tenho certeza que a justiça foi feita",  contou a mulher, que hoje faz curso de bombeiro civil.

A mãe da jovem também comemorou a condenação do agressor de sua filha. Para ela, essa medida é o exemplo para encorajar mulheres vítimas, que são agredidas fisicamente e psicologicamente por seus companheiros.

"A Justiça foi feita em defesa das mulheres. Meu coração está aliviado e me encoraja a lutar em favor das vítimas de homens agressivos. Não tenho raiva dele. Só quero que ele pague e cumpra toda a pena na cadeia", contou a mãe da vítima, que completou: "Mulheres, não se acanhem. Denunciem seus agressores. Vão à polícia, liguem, não fiquem caladas".

Responsável pelo inquérito que levou para a cadeia Daniel Deglmann, a delegada Fernanda Fernandes, titular da Deam-Caxias, também comemorou a sentença:

"A condenação dele trouxe uma tranquilidade para a vítima e para as testemunhas. Por isso, sempre digo: é importante fazer o boletim de ocorrência. Se essa vítima não tivesse feito um registro, hoje ela estaria morta".

Agente continua na PM

Mesmo preso e condenado Daniel Deglmann continua na Polícia Militar. Segundo o Portal da Transparência do Governo do Estado, o sargento recebe mensalmente R$ 6.698,85. Ao longo dos nove meses preso Deglmann embolsou mais de R$ 60 mil do estado. Ele está na corporação desde 2001.

No ano passado o porta-voz da corporação, o coronel Mauro Fliess, afirmou que a instituição abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta do PM, o que poderia resultar na sua expulsão.

A reportagem questionou a PM sobre o andamento do procedimento apuratório que é conduzido pela Corregedoria Interna da corporação. A Polícia Militar ainda não se posicionou.

O EXTRA não conseguiu contato com a defesa de Deglmann.

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