Renatinho Problema traiu a milícia e se juntou ao tráfico
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Renatinho Problema traiu a milícia e se juntou ao tráfico


O ex-chefe da milícia que domina Itaboraí , na Região Metropolitana do Rio, traiu seus antigos comparsas, virou traficante e, agora, ordena invasões de sua nova facção à cidade. Renato Nascimento dos Santos, o Renatinho Problema, trocou de quadrilha em dezembro do ano passado dentro do Complexo de Gericinó , na Zona Oeste do Rio, onde está preso desde 2018. Na ocasião, ele pediu para sair da Penitenciária Bandeira Stampa, que abriga os detentos que integram milícias. Desde então, segundo um relatório do batalhão do município, o 35º BPM, Renatinho Problema vem "atuando como principal articulador e mandante das investidas contra a milícia em Itaboraí".

A investida mais recente da nova facção do ex-miliciano em Itaboraí aconteceu no último 9, em meio às restrições de circulação adotadas pelo governo do Rio no combate ao coronavírus , nos bairros Porto das Caixas e Visconde. Houve tiroteio entre as quadrilhas, e um homem armado foi encontrado morto pela polícia dentro de um carro. Traficantes da nova facção do ex-miliciano, entretanto, já circulam por Itaboraí desde, pelo menos, 21 de março, quando policiais do 35º BPM prenderam um integrante da quadrilha com drogas em Porto das Caixas.

Atualmente, Renatinho Problema está preso na Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho, para onde são encaminhados detentos da facção que domina a maior parte do Complexo da Maré e a Cidade Alta. Ele foi transferido no dia 3 de dezembro passado, quando o ex-miliciano afirmou "temer pela própria vida" e disse ter escolhido pertencer à nova facção, em depoimento à Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap). Depois de Renatinho, outros nove ex-integrantes da milícia também trocaram de facção.

Aliança

A chegada de Renatinho Problema à nova facção coincide com o interesse da quadrilha em entrar em Itaboraí . Até o ano passado, a milícia disputava o controle do município com outra facção do tráfico, que domina a Favela da Reta, maior comunidade da região.

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No último dia 15, representantes da PM, da Polícia Civil, do Ministério Público e do Tribunal de Justiça que atuam em Itaboraí se reuniram para discutir medidas para evitar a guerra de facções. O principal ponto acertado no encontro foi a formalização do pedido para que Renatinho Problema entre no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) dentro da cadeia para dificultar o contato do ex-miliciano com outros integrantes de sua nova facção.

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T raição e prisão

Renatinho Problema foi o responsável por levar a milícia a Itaboraí. A chegada da quadrilha à cidade remete — segundo a investigação do Ministério Público e da Divisão de Homicídios que culminou com a prisão de mais 40 pessoas em julho do ano passado — ao início de 2018. Na época, um grupo de milicianos chefiado por ele saiu de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, rumo ao município. Foragido, Renatinho queria “recomeçar” a vida fora dos holofotes da polícia, num local em que sua atuação chamasse menos atenção.

O miliciano , então, com a benção de Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica — chefe de um dos maiores grupos paramilitares do Rio — passou a arregimentar comparsas e armas. À tiracolo, Renatinho levou seu braço direito, o sargento Fábio de Souza Costa, o China. De serviço, ele batia ponto na UPP do Borel. Nas folgas, ajudava Renatinho a tomar o controle de sete bairros de Itaboraí, mais da metade da área urbanizada do município, onde vivem 240 mil pessoas.

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No final de 2018, entretanto, o hoje ex-miliciano foi preso após um racha no grupo criminoso. Fábio China , o número dois da hierarquia da milícia, passou informações a agentes da 82ª DP (Maricá) sobre o paradeiro de Renatinho. Após a prisão, o sargento PM assumiu a chefia do grupo. Na decisão em que decretou a prisão de Renatinho e China, no ano passado, o juiz Daniel da Silva Fonseca, da 1ª Vara Criminal de Itaboraí, apontou que "um verdadeiro 'racha' entre os acusados Renatinho Problema e China culminou com a prisão do primeiro a partir de informações repassadas à 82ª DP pelo segundo".

Apesar da briga, Renatinho continuava recebendo dinheiro da milícia, mesmo preso. Segundo um miliciano que fez acordo com a Justiça durante as investigações, R$ 15 mil eram repassados toda semana ao ex-chefe. Quem ia a Itaboraí buscar o dinheiro era a mãe do miliciano. No depoimento, o colaborador também afirma que o bando conseguia juntar até R$ 200 mil somente com as taxas cobradas em dois bairros, Porto das Caixas e Visconde.

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