Fernando Haddad (PT) precisa de virada inédita para vencer Jair Bolsonaro (PSL)
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Fernando Haddad (PT) precisa de virada inédita para vencer Jair Bolsonaro (PSL)

O candidato Fernando Haddad (PT) precisará de uma virada inédita para vencer a corrida presidencial no segundo turno contra Jair Bolsonaro (PSL) . Desde a primeira eleição para presidente após a redemocratização, em 1989, nenhum candidato conseguiu reverter a desvantagem obtida no primeiro turno da disputa.

No primeiro turno, Jair Bolsonaro obteve mais de 49,2 milhões de votos (46% dos votos válidos), contra mais de 31,3 milhões (29,3%) de Fernando Haddad. Apenas uma  virada inédita do candidato petista mudaria os rumos da sexta disputa de segundo turno desde 1989 (as eleições de 1994 e 1998 foram vencidas no primeiro turno por Fernando Henrique Cardoso).

Para quebrar a tradição brasileira, Haddad precisa tirar uma vantagem que, no primeiro turno, foi de pelo menos 17,3% dos votos válidos, montante que representa mais de 18 milhões de eleitores. 

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Virada inédita dependeria de apoios

Em busca de virada inédita, Haddad deve tentar atrair contingente de quase 30 milhões que não votaram ontem
Ricardo Stuckert
Em busca de virada inédita, Haddad deve tentar atrair contingente de quase 30 milhões que não votaram ontem

O terceiro colocado no primeiro turno, Ciro Gomes (PDT), que teve mais de 13,3 milhões de votos, não confirmou apoio formal a Haddad , mas garantiu que "ele não, sem dúvida", dizendo que representa um conjunto grande de forças e que irá seguir seu espírito de defesa da democracia e contra o fascismo.

Geraldo Alckmin (PSDB), que atacou veementemente a ambos em toda sua campanha no primeiro turno, disse que o partido irá se reunir para definir se apoia um dos candidatos ou escolhe pela neutralidade . É a primeira disputa de segundo turno sem presença tucana no século.

Marina Silva (Rede) lamentou a polarização e disse que, independentemente do presidente eleito, o partido será oposição firme e democrática, acrescentando que ela pessoalmente não tem identificação com Haddad ou Bolsonaro, mas a questão será discutida internamente.

O único candidato a definir e declarar apoio até então é Guilherme Boulos (PSOL), que classificou Fernando Haddad (PT) como representante da democracia e capaz de derrotar o fascismo no segundo turno.

João Amoêdo negou apoio ao PT e disse que o diretório do Novo decidirá se declara ou não apoio a Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a disputa.

Os demais candidatos e partidos não se posicionaram oficialmente até então.

Virada inédita: é possível?

Virada inédita quase foi atingida por Aécio Neves, mas diferença de três pontos percentuais deu vitória a Dilma Rousseff
Reprodução/TV Globo
Virada inédita quase foi atingida por Aécio Neves, mas diferença de três pontos percentuais deu vitória a Dilma Rousseff


Fernando Collor em 1989, Lula em 2002 e 2006, e Dilma em 2010 e 2014 foram para o segundo e decisivo turno na liderança e foram eleitos, derrotando Lula, José Serra, Geraldo Alckmin, José Serra novamente e Aécio Neves, respecitvamente. Aécio foi quem chegou mais próximo da virada, com 48,36%, contra 51,64% de Dilma Rousseff, eleita com uma diferença inferior a 3% dos votos válidos. A maior vantagem registrada em uma disputa de segundo turno ocorreu em 2002, com Lula sendo eleito com 61,27%, contra 38,73% de José Serra.  

O Partido dos Trabalhadores, vencedor das últimas quatro eleições presidenciais disputadas, tenta voltar ao poder após o  impeachment sofrido por Dilma Rousseff em 2016. 

Os candidatos que avançaram para o segundo turno em 2018 são também os de maior rejeição , portanto, há um potencial a ser explorado por ambos entre abstenções, nulos e brancos, na luta do antipetismo contra o antibolsonarismo. O número de abstenções da eleição de primeiro turno deste ano foi o maior desde 1998. Quase 30 milhões de eleitores deixaram de comparecer à votação de primeiro turno.

Fernando Haddad deve acenar a esse eleitorado com o discurso de defesa da democracia para vislumbrar atingir a virada inédita.  Jair Bolsonaro (PSL), em contrapartida, deve radicalizar seu discurso de ataques às administrações petistas e procurar alianças no centro-direita para confirmar a vantagem.

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