Escola em que criança de oito anos desmaiou de fome, por morar a 30 km do colégio, e ir às aulas sem almoço
Reprodução/TV Globo
Escola em que criança de oito anos desmaiou de fome, por morar a 30 km do colégio, e ir às aulas sem almoço

Uma criança de 8 anos desmaiou de fome dentro da sala de aula, nesta semana, em uma escola do Cruzeiro, no Distrito Federal.

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De acordo com a reportagem da TV Globo , que divulgou o caso na manhã desta sexta-feira (17), a criança – que não teve o nome revelado – mora a 30 quilômetros da escola e desmaiou de fome porque não havia almoçado antes de ir à aula.

Esse aluno, assim como outros 250, mora no Paranoá Parque, um condomínio do Minha Casa, Minha Vida, que não possui nenhum outro colégio público nas proximidades.

Para chegar a tempo do início das aulas, às 13h, o menino sai de casa às 11h, muitas vezes sem almoçar. O trajeto é feito por um ônibus escolar cedido pela prefeitura.

"A gente chamou o Samu. Quando o Samu chegou e fez o atendimento, e viu que era fome, até o rapaz praticamente chorou", contou à reportagem a professora Ana Carolina Costa, que dava aula para a criança que sofreu o desmaio. "A gente se sentiu impotente. Como uma criança desmaia de fome ?".

Sem almoço em casa, muito menos na escola

No colégio, as crianças não recebem almoço. A justificativa da Secretaria de Educação é que, como o colégio não é integral, não há necessidade de oferecer essa refeição.

Hoje, a escola dá diariamente aos alunos um lanche composto por biscoitos e suco, às 15h30. As crianças que saem de casa sem almoçar, portanto, ficam só com o café da manhã – se tanto – no estômago até esse horário.

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Por conta da baixa renda dos alunos que moram no conjunto habitacional, é comum que eles não façam a principal refeição do dia em casa. E isso se reflete no rendimento dos estudantes na escola.

"Ficam dispersos, não prestam atenção. Eles falam: 'tia, tô com fome.' [...] A escola faz o que pode, chama a família, o Conselho Tutelar, não é omissão da escola", explicou a professora Ana Carolina.

Necessidade de uma exceção

Embora os professores da escola não discordem do posicionamento da Secretaria de Educação – sobre não oferecer almoço, por não ser uma aula em período integral –, eles pedem que seja aberta uma exceção para esses alunos, por conta da distância da escola do condomínio e da condição social dos estudantes.

"O que a escola precisa é que seja ofertado um complemento. A gente não vai alimentar essas crianças com biscoito", afirmou a professora Fabiane Rios.

A reclamação é encampada pelo Sindicato dos Professores (Sinpro- DF ), que diz já ter enviado contestação ao governo sobre o caso.

"Já pedimos diversas vezes para oferecer almoço e lanche para essas crianças. Como elas vêm de muito longe, não dá para ficar só com o lanche parcial", diz o diretor da entidade, Samuel Fernandes.

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Sobre o menino que desmaiou de fome, a Secretaria disse que "lamenta" o ocorrido e que vai avaliar o que pode ser feito.

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