Em nota divulgada na noite desta quinta-feira, o governador do Rio, Cláudio Castro, lamentou as 25 mortes decorrentes da operação da Polícia Civil no Jacarezinho . De acordo com o comunicado, "a ação foi pautada e orientada por um longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação, que demorou dez meses para ser concluído". Como O GLOBO publicou hoje, a ação pode ser considerada a mais letal da História do estado do Rio. Um agente morreu no confronto.
Castro disse ser "lastimável que um território tão vasto seja dominado por uma facção criminosa que usa armas de guerra". O Palácio Guanabara reforçou que os locais em que foram registrados confrontos e mortes já passaram por perícia.
Mais cedo, o Ministério Público do Estado do Rio Janeiro (MPRJ) afirmou que "desde o conhecimento das primeiras notícias referentes à realização da operação que vitimou 24 civis e um policial civil, vem adotando todas as medidas para a verificação dos fundamentos e circunstâncias que envolvem a operação e mortes decorrentes da intervenção policial, de modo a permitir a abertura de investigação independente para apuração dos fatos, com a adoção das medidas de responsabilização aplicáveis".
O órgão disse ainda que o canal de atendimento de seu plantão recebeu, na tarde desta quinta-feira, notícias "sobre a ocorrência de abusos relacionados à operação em tela, que serão investigadas". Acrescentou que, ao saber dos fatos pela imprensa e pelas redes sociais, começou a atuação da Coordenação de Segurança Pública, do Grupo Temático Temporário e da Promotoria de Investigação Penal.
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Já a presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Municipal, a vereadora Teresa Bergher (Cidadania) afirmou, em nota, que também vai acompanhar e cobrar explicações dos setores de segurança pública do estado sobre a operação policial que resultou em 25 mortes. Ela afirmou que é preciso "cobrar da polícia um mínimo de inteligência, para evitar novos banhos de sangue, que não resolvem absolutamente nada".
Moradores com medo
A operação da Polícia Civil levou medo aos moradores e mais uma vez mudou a rotina, com confronto entre agentes e criminosos desde o início da manhã desta quinta-feira. Nas redes sociais, moradores e pessoas que passavam pela região compartilharam relatos. De acordo com a corporação, 25 pessoas morreram — entre elas, um policial civil atingido por um tiro na cabeça — e cinco ficaram feridas, sendo duas delas em uma vagão do metrô que passava pela região.
A operação, segundo a polícia, teve como alvo uma organização criminosa que atua na comunidade e que seria responsável por homicídios, roubos, sequestros de trens da SuperVia e o aliciamento de crianças para atuarem no tráfico local. A ação foi chamada de Exceptis e é coordenada pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Agentes percorrem diferentes pontos da comunidade com auxílio de blindados, em viaturas e a pé.