Frio extremo atingiu capital na década de 1950. Imagem ilustrativa
Arquivo Público do Estado de São Paulo. Memória Pública
Frio extremo atingiu capital na década de 1950. Imagem ilustrativa

Às vésperas da chegada de uma massa de ar polar no Sul e Sudeste do Brasil, moradores de São Paulo se preparam para aquele que pode ser  o fim de semana mais frio de 2020  na capital. A diminuição de temperatura no inverno não é rara na cidade, que em 2019 marcou 6,5ºC nos termômetros em julho. Poucos moradores, porém, viveram o dia mais frio da história, registrado há 65 anos.

Na manhã de 2 de agosto de 1955, após quase uma semana de quedas de temperatura, os termômetros da cidade - naquele momento com 2,1 milhões de habitantes - chegaram à impressionante marca de -2,1ºC. O dado oficial é do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), mas, na época, periódicos da capital afirmaram que os termômetros chegaram a bater -4,2ºC.

No dia seguinte ao frio recorde, o jornal Folha da Manhã noticiou que as ondas de frio estavam deixando a cidade de São Paulo para trás após levar os termômetros abaixo de zero. As mínimas registradas na cidade, de acordo com publicação do dia 3 de agosto, foram -4,2ºC em Cumbica, -1,2ºC em Água Funda, 1ºC na Lapa e 0ºC em Congonhas.

manchete de jornal: hoje fez menos frio do que ontem
Folha da Manhã / Reprodução

Frente fria atingiu ápice no dia 2 de agosto

Assim como hoje, as populações mais vulneráveis foram as mais afetadas pelo frio na capital. Até então, os jornais tinham registrado a morte de quatro pessoas em situação de rua pelo frio. No Jornal do Brasil do dia 3 de agosto, uma nota relatava a morte da uma quinta pessoa por hipotermia. "Encontrado morto e congelado num terreno baldio da rua Couto de Magalhães, um homem aparentando uns 60 anos de idade, pobremente trajado. Em seus bolsos os policiais encontraram apenas alguns cruzeiros, possivelmente produto de esmolas que havia recebido", diz a publicação, que finaliza a tragédia lembrando que nenhum dos cinco corpos tinha sido identificado.

Apesar da gravidade das mortes, o destaque maior da imprensa na época foi para o dano causado pelo frio nas lavouras do interior do estado. A geada destruiu safras inteiras de tomate e café, fazendo com que o ministro da Fazenda da época, José Maria Whithaker, recebesse visitas de representantes dos agricultores do estado para fazer estudos sobre o assunto.

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O frio forte afetou até mesmo a movimentação no aeroporto de Congonhas. Na ocasião, a pista para pouso e decolagem só foi aberta às 10h.

Frio histórico na América do Sul

O frio registrado no inverno de 1955 foi decorrente de uma massa de ar polar registrada primeiramente no Chile e na Argentina ainda nos últimos dias de julho. As publicações de jornais no fim daquele mês narram fortes nevascas em parte do território argentino. Em seguida, o tempo frio seguiu para o Sul do Brasil.

O impacto no Sul foi tão forte, com registro de neve nos três estados, que fotos de "paisagens nórdicas" foram replicadas em jornais do país. No dia 3 de agosto, quando a massa de ar polar já tinha abalado a capital paulista, até mesmo jornais do Nordeste traziam como manchete a movimentação da frente fria para a região tipicamente quente o ano inteiro.

Frente fria da época se espalhou para outros estados do Nordeste
Diario de Pernambuco / Reprodução
Frente fria da época se espalhou para outros estados do Nordeste



No Norte do país, o estado do Amazonas chegou a bater a mínima de 19ºC, temperatura rara para a região. No dia 5, as temperaturas mínimas não eram mais registradas no Brasil e o país voltou à “normalidade”.

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