Em março, quando restrições de mobilidade para conter a pandemia eram decretadas, o Ministério da Saúde já projetava a possibilidade de o País alcançar o marco de 100 mil mortes pela Covid-19 até setembro.

A informação é do ex-secretário de Vigilância da pasta Wanderson Oliveira, um dos responsáveis por formular a estratégia para enfrentar a pandemia de Covid-19 . Ele entrou no cargo na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta  e pediu demissão após a saída de Nelson Teich .

O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira
JOSE DIAS / Divulgação
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira

Para ele, o número atual de mortes pela doença, que já chega a 60 mil, poderia ser menor caso houvesse maior adesão a medidas de distanciamento social.

"Já imaginávamos uma situação delicada, embora os parâmetros vão mudando ao longo do tempo. Na prática, o que vemos hoje é um cenário muito preocupante e que ainda não está completamente desenhado", disse ele à Folha .

"Em abril, pedi à minha equipe que cada um fizesse estimativa de quantos óbitos poderíamos ter em 1º de julho, baseado na percepção do que estávamos vivendo. Lembro que coloquei uma estimativa mais otimista [do que temos hoje], de 42 mil [mortes]. Outros colocaram outras", continuou.

Questionado se chegou a avisar o Planalto sobre sua previsão, ele não pestanejou. "Foi avisado, tanto que tivemos reunião com a Economia. Em seis meses [o que seria setembro] era quando teria esse volume de óbitos mais largo, de 100 mil".

"Na prática, se considerar um cenário nesse ritmo, não vejo muita diferença disso, não. Vai ter até mais. Estamos com 58 mil mortes [nesta quarta, foram 60 mil] no primeiro semestre. Se mantiver esse padrão, mesmo olhando a curva caindo ao longo do tempo, perto do fim do ano posso ter 110 mil, 120 mil", deliberou ele sobre pandemia de Covid-19 .

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