Tiroteio em Paraisópolis interrompeu agenda de Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Reprodução CNN Brasil - 17.10.2022
Tiroteio em Paraisópolis interrompeu agenda de Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Um membro da campanha de Tarcísio de Freitas (Republicanos) pediu que o cinegrafista da Jovem Pan,  Marcos Andrade, apagasse as gravações  do tiroteio que interrompeu a agenda do candidato ao governo de São Paulo em 17 de outubro. A troca de tiros, que Tarcísio já descartou ter motivação política, deixou uma pessoa morta em Paraisópolis , na Zona Oeste da capital paulista.

A Folha de S.Paulo divulgou um áudio em que o profissional da emissora foi abordado por um integrante da campanha.

Leia a transcrição da gravação:

Campanha: “Você filmou [inaudível] que mostram policiais atirando? Quando a gente estava… Chegou lá pra ver o que estava acontecendo. Você saiu ali do local e foi até lá?”

Cinegrafista: “Fui”

Campanha: “Você estava ali embaixo filmando? Você filmou então o pessoal trocando tiro?”

Cinegrafista: “Não, trocando tiro, efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras. A hora que você chega, que você me barra…”

Campanha: “Você só filmou lá no canto?”

Cinegrafista: “Só. Na hora que você chega ali, eu já tô voltando.”

Campanha: “O pessoal que tava na ONG ali, no Belezinha, você não filmou?”

Cinegrafista: “Não.”

Campanha: “Não filmou?”

Cinegrafista: “Do segurança de colete…”

Campanha: “Você tem que apagar. Essa imagem que você filmou aqui também. Mostra o pessoal saindo, tem que apagar essa imagem. Não pode divulgar isso, não.

Repercussão

Além da polícia ter solicitado as imagens para investigação, o grupo Prerrogativas, formado por juristas e advogados que apoiam a campanha do PT nestas eleições, apresentou uma notícia-crime ao Ministério Público de São Paulo pedindo apuração do caso.

Nota da Jovem Pan

A emissora se manifestou por meio da seguinte nota, enviada à Folha:

“A Jovem Pan exibiu todas as imagens feitas durante o tiroteio. O trabalho do cinegrafista permitiu que a emissora fosse a primeira a noticiar o ocorrido no local. Não houve contato da campanha do candidato Tarcísio com a direção da emissora com o intuito de restringir a exibição das imagens e, por consequência, o trabalho jornalístico”.

De acordo com integrantes da campanha de Tarcísio, “um integrante da equipe perguntou ao cinegrafista se ele havia filmado aqueles que estavam no local e se seria possível não enviar essa parte para não expor quem estava lá”.

Consequências

Após a repercussão do áudio, Marcos Andrade afirma que seu desligamento foi solicitado pela equipe de Tarcísio e que a Jovem Pan teria sugerido que ele gravasse um vídeo para o candidato.

A equipe do candidato ao governo paulista afirmou, em nota, que o questionamento feito ao cinegrafista “foi feito na chegada da base, após o tiroteio, em frente a todos que lá estavam, incluindo jornalistas de outras emissoras”.

O candidato apoiado por Jair Bolsoanaro (PL) ressaltou que o membro do seu grupo pode ter pensado em  preservar a identidade dos seguranças da sua campanha.

"Talvez a pessoa que tenha pedido para apagar teve esse cuidado. É muito ruim revelar a identidade de pessoas que acabam de se envolver com criminosos" , disse, após a realização de um ato na cidade de Osasco (SP).

Além disso, a campanha de Tarcísio negou qualquer pressão para que Marcos Andrade fosse demitido. "No dia do ocorrido, inclusive, ele fez um vídeo emocionado dentro da van, agradecendo o Tarcísio por tê-lo tirado do local do tiroteio. No dia seguinte, na chegada a uma sabatina da Jovem Pan, o próprio cinegrafista fez questão de receber e agradecer Tarcísio mais uma vez, além de tirar fotos e dizer que toda a família estava muita agradecida pelo que havia sido feito por ele", afirmou a equipe, em nota.

A nota também diz que “diversos representantes da imprensa que estavam presentes fizeram imagens da situação ocorrida e colocaram no ar” e que “nunca houve nenhum impedimento por parte da campanha em relação a isso”. Reforçou, ainda, que “qualquer afirmação que questione isso é uma mentira”.

Relembre o caso

No dia 17 de outubro, a visita do candidato ao Polo Universitário de Paraisópolis, na Zona Sul da capital paulista foi interrompida após um tiroteio na comunidade.

Segundo os policiais militares da região, os tiros não tinham o candidato como alvo. De acordo com a Segurança Pública de São Paulo (SSP), a equipe de segurança do candidato havia solicitado apoio à PM para a realização do evento.

O setor de inteligência da corporação atuantes em Paraisópolis declarou que a hipótese mais provável de motivação do tiroteio é de que houve um aumento de policiais no local nesta manhã e os criminosos perceberam a presença de mais agentes na comunidade, começando uma troca de tiros.

Horas depois, o ex-ministro disse, em coletiva de imprensa, ter sofrido "intimidação"do "crime organizado" da região.

"Na minha opinião, foi um ato de intimidação. Foi um recado claro do crime organizado dizendo o seguinte 'vocês não são bem-vindos aqui, a gente não quer vocês aqui'. Para mim, é uma questão territorial, não tem nada a ver com uma questão política ou eleitoral, mas uma questão territorial, que acontece em favelas e comunidades do estado de São Paulo", afirmou à imprensa.

Tarcísio descartou motivação política

Durante participação no Flow Podcast, o candidato ao governo de São Paulo comentou sobre o tiroteio em Paraisópolis em que estava presente.  Para Tarcísio, o episódio não se trata de um atentado político contra ele, mas sim uma questão territorial.

"A interpretação que eu faço do que aconteceu é essa, foi uma questão territorial, não era uma questão com Tarcísio" , declarou o ex-ministro.

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