Deputado federal Pr. Marco Feliciano
Agência Brasil
Deputado federal Pr. Marco Feliciano

Integrantes da Bancada Evangélica expõem insatisfações com o Palácio do Planalto, o maior estremecimento na relação desde o início do mandato de  Jair Bolsonaro (sem partido) em 2019. O atrito não é um bom sinal para o governo, que tem nos evangélicos a sua principal base de apoio. Ao mesmo tempo, partidos de esquerda dão sinais de que vão tentar se reaproximar do segmento nas eleições de 2022.

De acordo com O Globo, o deputado e pastor Marco Feliciano (Republicanos-SP), vice-líder do governo na Câmara, teria se irritado com dois acontecimentos e dito que abandonaria a base de Bolsonaro. O primeiro deles, um telefonema entre o Ministro da Educação, Milton Ribeiro, e o deputado, no qual dois se ofenderam. O segundo, mensagens de WhatsApp que o ministro da Educação enviou para interlocutores, compartilhando vídeos antigos em que Feliciano declarava apoio à ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Na última quarta-feira, 28, o deputado e o ministro se encontraram or uma iniciativa do advogado-geral da União, André Mendonça, que deseja a vaga “terrivelmente evangélica” no Supremo Tribunal Federal (STF) e tentou apaziguar os ânimos.

Outro movimento de insatisfação das lideranças cristãs com o governo também ocorre dentro do Republicanos. Há dez dias, um jantar de Marcos Pereira, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e Guilherme Boulos (PSOL), despertou um alerta do Planalto. Dias depois, um texto publicado por Pereira no site “Poder 360” reforçou o sentimento de que estava em curso um processo de alfinetada da Universal no governo.

“Não podemos mais imaginar que um presidente da República, um governador ou um prefeito devam governar apenas para 30% de seguidores”, escreveu Pereira.

A Universal se mostra incomodada com Bolsonaro desde o ano passado. Dentro da igreja e do Republicanos, há convicção de que o presidente fez pouco pelos seus candidatos a prefeito no Rio (Marcelo Crivella) e em São Paulo (Celso Russomanno).

No início desta semana, mais um sinal de incômodo político na base evangélica. O deputado Sóstenes Cavalcanti (DEM), ligado ao pastor Silas Malafaia, criticou publicamente o governo. Ele falou sobre a falta de políticas públicas do Planalto para o segmento. Sóstenes não conseguiu apadrinhar repasses de recursos para comunidades terapêuticas e foi ignorado por dois anos na indicação de cargos.

Os evangélicos ainda são o principal apoio de Bolsonaro. Segundo o estudo da Inteligência, Pesquisa e Consultoria (Ipec) de março, com levantamento realizado entre 18 e 23 de fevereiro, 38% do eleitorado evangélico avalia positivamente (bom ou ótimo) o governo. 10 pontos percentuais a mais que a população brasileira em geral. A margem de erro é de dois pontos.

Nos próximos meses, acenos para os evangélicos estão programados da direita à esquerda. Enquanto Bolsonaro planeja visitar templos pelo país e que colocará, pela primeira vez, um evangélico no STF, Lula e o PT se preparam para fazer uma manifestação formal para o segmento nos mesmos moldes da Carta ao Povo Brasileiro, que em 2002 serviu para acalmar os mercados.

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