Collins Jumaisi Khalusha, 33, é escoltado para o Tribunal de Justiça de Kiambu em Kiambu em 16 de julho de 2024
Simon Maina/AFP
Collins Jumaisi Khalusha, 33, é escoltado para o Tribunal de Justiça de Kiambu em Kiambu em 16 de julho de 2024

Um tribunal no Quênia ordenou nesta terça-feira (16) a prisão de um homem que, segundo a polícia, confessou ter assassinado e desmembrado 42 mulheres. Ele ficará detido por 30 dias, enquanto prosseguem as investigações sobre o caso.

Collins Jumaisi Khalusha, 33 anos, descrito pela polícia como um “vampiro, um psicopata”, foi preso na madrugada de segunda-feira após a horrível descoberta de corpos mutilados num depósito de lixo de Nairóbi.

Ele compareceu a um tribunal na capital queniana, onde o magistrado aprovou um pedido da polícia para que ele fosse detido por 30 dias, para que pudessem concluir a investigação.

Desde sexta-feira, 10 corpos femininos massacrados e amarrados em sacos plásticos foram retirados de uma pedreira abandonada na favela de Mukuru, em Nairóbi, segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia.

O chefe da Direção de Investigações Criminais (DCI, na sigla em inglês), Mohamed Amin, disse na segunda-feira (15) que Kalusha confessou ter assassinado 42 mulheres durante um período de dois anos a partir de 2022, e que a sua esposa foi a sua primeira vítima.

O DCI disse em comunicado nesta terça-feira que os investigadores estavam detendo outras duas “pessoas de interesse”, uma das quais teria sido encontrada com o telefone de uma das vítimas.

Pego 'atraindo outra vítima'

Kalusha foi detido na madrugada de segunda-feira perto de um bar onde assistia ao jogo de futebol do Eurocopa, depois de agentes analisarem o telefone de uma das suas alegadas vítimas.

Quando os policiais atacaram, “ele estava atraindo outra vítima”, disse Amin aos repórteres. “Estamos lidando com um vampiro, um psicopata”, completou.

As terríveis descobertas foram feitas a apenas 100 metros de uma delegacia de polícia, e os policiais foram transferidos para garantir uma investigação imparcial, disse o chefe interino da polícia nacional, Douglas Kanja, na segunda-feira.

A área – incluindo a casa de Kalusha, também a cerca de 100 metros de onde os corpos foram encontrados – permanecerá como “cena de crime ativa”, disse Amin.

Os corpos abandonados chamaram a atenção da polícia queniana e aumentaram a pressão sobre o presidente William Ruto, que já enfrenta uma crise devido aos protestos que resultaram na morte de dezenas de manifestantes e de agentes acusados ​​de uso excessivo de força.

A Comissão Nacional do Quênia sobre Direitos Humanos, financiada pelo Estado, disse que estava realizando as suas próprias investigações sobre o caso porque “é necessário descartar qualquer possibilidade de execuções extrajudiciais”.

A Anistia Internacional disse que esteve diretamente envolvida na recuperação de alguns dos corpos e enviou patologistas independentes para assistir às autópsias das vítimas.

"Embora tenha ocorrido um crime de homicídio múltiplo, apenas a conclusão destas autópsias confirmará a investigação em curso sobre o autor destes assassinatos", disse à AFP Irungu Houghton, diretor executivo da filial da Anistia no Quênia.

O órgão de vigilância da polícia do Quênia, a Autoridade Independente de Supervisão da Polícia, também disse na sexta-feira que estava investigando se havia qualquer envolvimento da polícia ou uma "falha na acção para prevenir" as mortes.

A tensão aumentou na cena do crime durante o fim de semana, enquanto os voluntários vasculhavam as vastas pilhas de lixo em busca de mais vítimas e os policiais disparavam brevemente gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.

A polícia queniana é frequentemente acusada por grupos de defesa dos direitos humanos de cometer homicídios ilegais ou de comandar esquadrões de morte, mas poucos enfrentaram a justiça.

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