O julgamento do brasileiro Fernando Sabag Montiel e de mais duas pessoas envolvidas no ataque contra a ex-vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner , começa nesta quarta-feira (26).
Em 2022, Montiel apontou uma arma e disparou o gatilho a centímetros do rosto de Kirchner. A tentativa de assassinato repercutiu em todo o mundo, com diversos líderes e cidadãos manifestando seu apoio a então vice-presidente argentina e o repúdio à polarização política no país.
Além do brasileiro, o banco dos réus terá a sua ex-namorada, Brenda Uliarte, e o patrão do casal, Nicolás Carrizo. Os três respondem aos crimes de tentativa de homicídio duplamente qualificado, traição e colaboração premeditada agravadas pelo uso de arma de fogo. Montiel responderá como autor, a mulher, como coautora, e o patrão como autor secundário.
A defesa de Kirchner afirma que há mais pessoas envolvidas no crime.
“É evidente que temos uma deliberação contra a pessoa que teve a responsabilidade que foi vista na televisão, ou seja, o agressor, e as pessoas que o rodeavam, mas ainda temos uma nebulosa sobre o que o motivou e quem o financiou”, disse o advogado José Manuel Ubeira em entrevista a uma rádio argentina.
As motivações para o crime ainda são desconhecidas, afirma outro advogado da ex-vice-presidente.
“O julgamento chega com uma investigação incompleta porque ainda precisamos saber muitas coisas sobre as verdadeiras motivações e se houve outras pessoas envolvidas”, disse Marcos Aldazábal.
Para Aldazábal, será importante "conhecer os antecedentes de como as coisas aconteceram". Kirchner e a defesa esperam descobrir se há apoio financeiro e ideológico para o atentado nas próximas audiências, marcadas para as próximas quartas-feiras em um processo que pode durar até um ano.
Relembre o caso
O atentado ocorreu em Buenos Aires, na frente da casa de Kirchner . Na época, ela estava sendo julgada por suposta fraude durante o seu mandato como presidente, entre os anos de 2007 e 2015.
Montiel, que trabalhava como motorista ocasional de uma locadora de veículos, puxou o gatilho duas vezes, mas os projéteis não saíram. Ele foi preso no local. A namorada e o patrão, apontado como o 'planejador' do crime, foram presos dias depois.
Além da repercussão internacional, que incluiu apelos como o de Lula e do Papa Francisco, o episódio foi um marco para a população argentina. No dia seguinte ao ataque, o governo declarou feriado extraordinário e milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra a extrema polarização na política do país.
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