O presidente argentino Javier Milei defendeu as medidas de desregulamentação econômica que desagradaram a população do país vizinho, afirmando que “vem mais por aí”, e que a parcela da população que está insatisfeita e foi às ruas tem “síndrome de Estocolmo” e sente “saudades do comunismo”. Empossado em 10 de dezembro, Milei só está no poder há 11 dias.
"Aviso que vem mais,em breve vocês vão ficar sabendo. Vamos convocar sessões extraordinárias e enviar um Projeto de Lei para a modificação do Estado", disse o mandatário em entrevista à rádio argentina Rivadavia, na manhã desta quinta (21). Mesmo admitindo que algumas das medidas anunciadas são "antipáticas", Milei argumentou que "60% do ajuste desta vez incide sobre o Estado".
Em seguida, o presidente entrou numa transmissão em rede nacional, onde apareceu rodeado de seus ministros enquanto anunciava um decreto de urgência, declarando emergência enquanto revoga ou altera mais de 300 normas, que tocam temas como controles de preços, aluguéis, indústria, privatizações de estatais e "modernização do regime trabalhista".
Isso levou milhares de pessoas às ruas, especialmente à frente ao Congresso Nacional, em Buenos Aires , para fazer um panelaço contra as atitudes do presidente, entoando o coro de “o Estado não se vende”.
Durante a manhã desta quinta-feira (21), bancários saíram pelas ruas do centro de Buenos Aires, vestindo roupa social, para protestar contra a liberação de privatizações. Os maiores sindicatos do país já falam em organizar grandes paralisações em protesto contra as medidas de Milei, que também impactam o direito de greve.
É importante lembrar que a Argentina é um país com uma tradição fortíssima de reivindicações populares por meio de protestos de rua, conhecidos como piquetes, e que ao subir ao poder Milei anunciou medidas de repressão contra as pessoas que promoverem protestos com interrupção das vias de trânsito.