Delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, da Deapti, segura a obra recuperada Sol Poente, de Tarsila do Amaral
Márcia Foletto - 13.08.2022
Delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, da Deapti, segura a obra recuperada Sol Poente, de Tarsila do Amaral

Os quase cinco meses da investigação que levou à prisão de Sabine Coll Boghici por roubar da própria mãe obras avaliadas em milhões de dólares, poderiam ter ido por água abaixo, ao menor descuido. O delegado Gilberto da Cruz Ribeiro, titular da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti), diz que temeu que a apuração vazasse e, por isso, chegou a pedir à Justiça do Rio que colocasse a investigação sob sigilo. Ele lembra que se a apuração fosse descoberta, pinturas de Tarsila do Amaral, Cícero Dias e Di Cavalcanti poderiam ter sido comercializadas no mercado paralelo e a viúva do colecionador Jean Boghici não reaveria o prejuízo de cerca de R$ 725 milhões. A filha do marchand foi presa em flagrante por fazer parte do esquema criminoso e teve a prisão temporária mantida nesta sexta-feira.

"Tínhamos medo de que essa investigação vazasse. Se isso acontecesse e as pessoas tomassem conhecimento, a probabilidade de encontrar qualquer obra ou qualquer joia valiosa seria muito pequena. Então, optamos por pedir que o processo tramitasse em sigilo, exatamente para ter uma chance de diminuir o prejuízo da idosa", disse o delegado, em entrevista ao GLOBO.

Cruz Ribeiro não acreditava que todas as obras levadas por Sabine Coll Boghici fossem encontradas.

"Evidentemente, não contávamos encontrar os 11 quadros que estavam em locais desconhecidos. Achávamos que teríamos uma chance de localizar parte considerável que pudesse não ter sido vendida. Para a nossa surpresa, as obras estavam todas juntas naquela cama box", conta o policial, que completa:

"A gente não saberia qual o destino que iria se dar. São obras famosas que poderiam ser facilmente vendidas. Essas obras poderiam tomar um destino como no mercado ilegal, sem qualquer rastreio", conclui o delegado.

Nesta sexta-feira (12), a 23ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Tribunal da Justiça do Rio manteve a prisão temporária de Sabine Boghici em audiência de custódia. A juíza Ariadne Villela Lopes considerou que a prisão está dentro do prazo de validade e segue regular. Rosa Stanesco Nicolau, que teria participado do crime se apresentando como falsa vidente, também teve a prisão mantida em audiência por decisão da juíza Rachel Assad da Cunha. Além de Sabine, outras cinco pessoas participaram do golpe.

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