Um levantamento realizado pelo grupo de pesquisa " Monitor do debate político ", da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), aponta pautas ligadas ao liberalismo econômico, desconfiança sobre o sistema eleitoral, desprezo pelos direitos humanos e “moralismo” como principais semelhanças entre eleitores do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro , e o presidente eleito na Argentina, Javier Milei .
Os “mileistas” foram questionados antes da votação do primeiro turno da eleição do nosso país vizinho. No último domingo (27), 498 bolsonaristas foram entrevistados pelos pesquisadores durante a manifestação contra o Supremo Tribunal Federal (STF) realizada na Avenida Paulista por convocação do pastor Silas Malafaia.
Economia e trabalho
Para 87% dos apoiadores de Milei, auxílios do governo "desestimulam as pessoas a trabalhar". A mesma afirmação conta com o apoio de 82% dos eleitores de Bolsonaro.
Já a ideia de que leis trabalhistas "mais atrapalham o crescimento das empresas do que protegem os trabalhadores", e que o governo "não deve pagar por todas as necessidades do povo" está presente em 70% dos eleitores de direita em ambos os países.
Sistema eleitoral
Os dois grupos demonstraram uma tendência muito forte a desconfiar do sistema eleitoral de seus países, embora essa suspeita seja mais forte no Brasil, onde apenas 6% dos bolsonaristas confiam no resultado das urnas. No lado argentino da fronteira, 28% dos mileistas confiam no sistema eleitoral.
Mídia
A maneira de se informar também reflete a aproximação ideológica entre os apoiadores de Bolsonaro e Javier Milei. Em ambos os casos, quase a totalidade dos eleitores entrevistados (98% dos bolsonaristas e 96% dos mileistas) concordam que “a internet permite descobrir verdades que os jornais e a TV querem esconder”.
Direitos humanos e costumes
A tese de que "os direitos humanos atrapalham o combate ao crime" obteve ampla aprovação entre os apoiadores dos dois políticos, encontrando respaldo entre 81% dos bolsonaristas e 71% dos mileistas.
O ponto de menor concordância entre os apoiadores de Milei e Bolsonaro é a pauta reacionária de costumes e valores morais.
A maior discrepância entre os percentuais se deu na afirmação de que “as escolas "ensinam temas que contrariam os valores da família", aprovada por 84% dos eleitores de bolsonaro e 64% dos apoiadores de Milei.