
Centrão foge de armadilha e mostra que Flávio está isolado
Senador quis mostrar força ao chamar líderes para conversar. Ficou no vácuo
Ou porque percebeu que queimou a largada ou porque não apareceu comprador algum, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) mudou o tom da conversa nesta segunda-feira (8) e desistiu de negociar a desistência da pré-candidatura à Presidência da República.
Talvez ele imaginasse que, ao dizer que foi ungido pelo pai como sucessor político, algum postulante ao Planalto corresse para se ajoelhar diante dele. Achou, provavelmente, que Tarcísio de Freitas (Republicanos) ofereceria a anista a Jair Bolsonaro e tudo o mais que estivesse ao seu alcance. Isso não aconteceu. Em vez disso, o governador de São Paulo trincou os dentes e disse: beleza, você é o candidato, então estamos juntos.
Flávio foi então a público dizer que a candidatura é irreversível (isso fora do período eleitoral, vale dizer). E chamou os líderes do centrão para uma reunião e supostamente mostrar unidade (ou apresentar o preço da desistência, como era a ideia original).
Resultado: poucos apareceram.
E quem não foi argumentou ter mais o que fazer. Tipo levar a avó para o jiu-jitsu. E começaram assim um movimento duplo para desidratar a aventura presidencial do Zero Um e reduzir o preço da barganha a nada.
Alguns ali têm razão para se enfurecer.
Gilberto Kassab, dono do PSD e secretário de Governo de Tarcísio, quer emplacar logo o governador como presidenciável para ele mesmo disputar o Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.
O anúncio de Flávio ferrou com tudo. Se Tarcísio fica onde está, para onde vai Kassab?
Como diante de uma criança mimada, o que as raposas do centrão fizeram foi ignorar o chilique do infante, que ficou falando e brincado sozinho num canto da festa.
Com um sobrenome na mão e ideia alguma na cabeça, o senador quis mostrar força e poder de fogo. Só provou o próprio isolamento.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG