
Hugo Motta (Republicanos-PB) rompeu com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. Assim mesmo, meio do nada. A razão oficial seria a postura combativa do deputado fluminense, que vira e mexe aciona o STF para contestar alguma decisão do comando da Casa (leia-se Motta).
O recado mira o parlamentar e acerta o partido.
Motta se engajou pessoalmente na campanha pela aprovação do PL Antifacção e não gostou nada dos ataques recebidos pela escolha de Guilherme Derrite (PP-SP) para a relatoria do projeto. Se não quisesse ser confrontado, deveria optar por outro parlamentar – e não um licenciado que trabalha como Secretario da Segurança do seu colega de partido e possível presidenciável, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
O rompimento pegou de surpresa até Lindbergh, que chamou o chefe da Câmara de “imaturo”.
A ausência de um estopim, ao menos manifestado publicamente, deixa a história um pouco estranha. Ela fica mais estranha quando se nota que dias atrás o chefe da Casa Legislativa ao lado, Davi Alcolumbre (União-AP), riscou o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, da sua página de amigos. A razão seria uma falta de empenho do ex-governador para emplacar o também senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), amigo de Alcolumbre, na vaga de Luis Roberto Barroso no Senado. O presidente Lula (PT) preferiu indicar seu advogado-geral da União, Jorge Messias.
E Alcolumbre foi pra guerra. Ou disse que foi.
Parece um ataque coordenado, não?
Tudo isso em um momento em que o mundo político anda em polvorosa diante do que pode sair caso comece a apitar o celular de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master preso há menos de uma semana.
Motta sabia que, com a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), a oposição iria desenterrar o projeto de anistia, que estava morto e sepultado na Câmara.
Motta já disse publicamente que não quer pautar o projeto.
Mas, diante da mudança de cenário, com a PF solta por aí, e a pisada do STF na mangueira das emendas, o presidente da Câmara indica que pode um dia querer.
Quem sabe?
Já não tem garantias de que, aprovado ali, um projeto do tipo seria engavetado pelo Senado. O chefe lá também anda revoltado com o governo. Ou diz que está.
A menos de um ano da eleição, todo passo ali é calculado. O que parece bronca pode ser só um aviso de reajuste do preço do apoio.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG