Marco Rubio e Mauro conversaram nos EUA sobre tarifaço
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Marco Rubio e Mauro conversaram nos EUA sobre tarifaço


Nos últimos dez meses, desde que assumiu a Secretaria de Estado norte-americana -- o equivalente ao Ministério das Relações Exteriores --Marco Rubio acumulou uma série de declarações ofensivas ao Brasil.

Um dos mais radicais aliados de Donald Trump, ele já afirmou, em tom de ameaça, que a Casa Branca responderia “adequadamente” à condenação de Jair Bolsonaro (PL) por liderar uma tentativa de golpe de Estado por aqui. Para Rubio, o ex-presidente era vítima de uma “campanha crescente de opressão judicial”.

Na linguagem diplomática, o pitaco no quintal alheio equivalia a estacionar um bonde na garagem do vizinho sem pedir licença.

Por isso bolsonaristas comemoraram quando Trump designou Rubio para ser o interlocutor do país nas conversas com o chanceler Mauro Vieira na tentativa de reverter o tarifaço contra exportações brasileiras.

Achavam, no mínimo, que o secretário colaria um cartaz escrito “me chute” nas costas do visitante para postar nas redes e incendiar a quinta série daqui e de lá.

Não foi bem o que aconteceu.

Relatos de quem esteve no encontro – Vieira entre eles – apontam que Rubio se comportou como mocinho a maior parte do tempo. Não mostrou a língua, não chorou para escovar os dentes nem fez birra para ir ao encontro com a camiseta do Homem-Aranha.

Pelo contrário, se sentou à mesa e conversou como gente grande. Foram, segundo o Itamaraty, “conversas muito positivas sobre comércio e questões bilaterais em curso".

Em nota, o ministério afirmou que o secretário topou até trabalhar em colaboração e ajeitar as bases para um possível encontro presencial entre o presidente Lula (PT) e Donald Trump. Ou seja, tudo certo, nada resolvido. Mas as projeções são boas.

A postura surpreendeu até os enviados brasileiros, que esperavam uma postura mais agressiva do interlocutor.

Não se sabe o que o Brasil ofereceu aos anfitriões em troca de alguma civilidade e possibilidade de recuo. O Cristo Redentor? O Rio de Janeiro todo? O trio de ataque da seleção? Ou parceira na exploração de minérios de terras raras?

Mistério.

O temor de encontros pessoais do tipo é que os convidados caiam em uma armadilha como aconteceu com Volodymyr Zelensky, que foi negociar uma saída honrosa do conflito entre Ucrânia e Rússia e saiu humilhado publicamente – para deleite de quem votou em Trump justamente para ver cenas do tipo.

Os bons modos de agora devem ser vistos sempre com desconfiança.

Enquanto negocia com o Brasil, o governo dos EUA ameaça atacar a Venezuela com mobilização de tropas e planos de interferência via CIA, a agência de espionagem norte-americana.

A justificativa é uma conversa que não convence nem a velhinha de Taubaté .

Com essa turma é preciso pé atrás. Os dois, se for possível.


*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG


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