
Neste domingo (07), manifestantes se reuniram em diversas cidades do Brasil para pedir a anistia ampla ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos envolvidos nos atos de 08 de janeiro de 2023, além de criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes .
Em São Paulo, 42,2 mil pessoas percorreram a Avenida Paulista, enquanto no Rio de Janeiro, a praia de Copacabana recebeu 42,7 mil manifestantes, segundo estimativas da Universidade do Estado de São Paulo (USP) em parceria com o CEBRAP e a ONG More in Common, com margem de erro de 12%.
Na Avenida Paulista, o ato contou com a presença dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Romeu Zema (Novo-MG), de senadores, deputados federais e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro .
Uma grande bandeira dos Estados Unidos foi estendida na avenida durante o ato.
Tarcísio classificou a atuação de Moraes como " tirania " e afirmou que o julgamento sobre os eventos de 8 de janeiro é conduzido " pela esquerda com base em narrativas manipuladas ". Segundo ele , " o que eles têm é uma única delação de um colaborador, mudada seis vezes em três dias, sob coação. Não se pode destruir a democracia sob o pretexto de resgatá-la ".
O governador de São Paulo defendeu ainda que a anistia seja ampla e disse ser necessário " se livrar do PT ".
O pastor Silas Malafaia destacou a necessidade de unidade da direita em torno de Bolsonaro, criticando abusos do STF e chamando Moraes de " ditador " que desrespeita a liberdade política e religiosa.
Malafaia mencionou a apreensão de seus cadernos de oração há dez dias, negando qualquer diálogo com autoridades estrangeiras.
Michelle Bolsonaro encerrou o ato com falas religiosas, lembrando das restrições enfrentadas por seu marido em prisão domiciliar.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentraram em Copacabana com a presença do governador Cláudio Castro (PL), Michelle Bolsonaro e deputados do PL, incluindo Alexandre Ramagem, Luiz Lima, Eduardo Pazuello, Hélio Lopes e Clarissa Garotinho .
Ramagem, réu no processo sobre a tentativa de golpe, defendeu "anistia ampla, geral e irrestrita para quem atentou contra a democracia".
Outras cidades
Em outras capitais, o público incluiu 1,4 mil pessoas em Goiânia (Praça do Sol), 1,6 mil em Florianópolis (Trapiche da Avenida Beira Mar Norte), 4,1 mil em Recife (Avenida Boa Viagem) e 1,6 mil em Belém (Avenida Nazaré). Muitos manifestantes exibiram bandeiras dos Estados Unidos e de Israel.
Em Belo Horizonte, Brasília e Salvador, atos também ocorreram, com faixas criticando o STF e pedindo anistia, mas a USP não estimou o número de participantes nessas cidades.
Brasília e o desfile cívico-militar
Na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, mais de 45 mil pessoas acompanharam o desfile cívico-militar, com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente da Câmara, Hugo Motta, e de ministros do Executivo.
Parte do público protestou com gritos de " sem anistia " e " soberania não se negocia ", enquanto o tema central das comemorações destacou a soberania nacional, mencionando a COP30, que será realizada em Belém em novembro, e o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em pronunciamento em rede nacional, Lula afirmou que brasileiros que trabalham contra o país são " traidores da pátria ".
O 07 de setembro deste ano ocorre em meio a tensões entre Brasil e Estados Unidos, provocadas por tarifas impostas pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros para pressionar o país a favor de Jair Bolsonaro.
O julgamento sobre os crimes de tentativa de golpe e abolição do Estado Democrático de Direito deve ser concluído ainda nesta semana.