Carla Zambelli , conhecida por uma trajetória política marcada por confrontos e declarações controversas, foi presa nesta terça-feira (29), em Roma, na Itália.
A prisão ocorreu quase dois meses após ela deixar o Brasil, após ser condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob acusação de invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o hacker Walter Delgatti .
Desde que assumiu o mandato de deputada federal, Zambelli acumulou episódios de hostilidade no Congresso, ataques a adversários políticos, uso de arma de fogo em público e denúncias formais de abuso de poder.
A seguir, relembre os principais episódios que marcaram a trajetória da parlamentar:
Perseguição armada em São Paulo
Na véspera do segundo turno das eleições de 2022, Zambelli foi flagrada perseguindo um homem com uma arma em punho no bairro dos Jardins, em São Paulo.
O caso aconteceu semanas após o TSE proibir o porte de armas por CACs durante o período eleitoral.
Reeleita como a segunda deputada federal mais votada do estado, Zambelli passou a ser investigada pelo STF, que formou maioria por sua condenação por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com uso de arma de fogo.
O julgamento foi suspenso após pedido de vista do ministro Nunes Marques e aguarda desfecho.
Ofensas a Lindbergh no plenário
Em outubro de 2023, Zambelli e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) protagonizaram um confronto verbal na Câmara.
Durante discurso, Lindbergh a chamou de “ terrorista ” ao relembrar o episódio da perseguição armada. Zambelli reagiu com insultos e os dois foram contidos por colegas após se hostilizarem fora da tribuna.
Ela ainda acusou Lindbergh de se omitir em relação ao Hamas e afirmou não se importar com críticas feitas por quem chamou de “ sem vergonha ” e “ vagabunda ”.
Crítica a assessora por capa de celular vermelha
Zambelli repreendeu uma assessora nos corredores da Câmara por usar uma capinha de celular vermelha, cor associada ao PT.
Sem citar nomes, disse: “ Essa cor aí, ele é ladrão, ele roubou .”
A funcionária, que trabalha com uma deputada de direita, respondeu que vermelho era sua cor preferida e se afastou.
Proposta de vaga no STF a Moro
Em depoimento sobre interferências de Bolsonaro na Polícia Federal, Zambelli afirmou ter oferecido a Sergio Moro apoio para uma indicação ao STF em troca de que permanecesse no governo.
Ela disse que a proposta partiu dela, sem aval de Bolsonaro, e que o presidente desconfiava de Moro por ser “ desarmamentista ”.
Mensagens reveladas pelo Jornal Nacional mostram a deputada pedindo a Moro que aceitasse a exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF, em troca da vaga.
Apelido de "Espanhola" e embate na CPMI das Fake News
Durante embates na CPMI das Fake News, Zambelli foi alvo de um antigo boato envolvendo sua suposta atuação como prostituta na Espanha .
O suposto caso foi insinuado anos antes pela ex-aliada Joice Hasselmann e retomado pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), que publicou um vídeo com a música " Espanhola" em alusão ao boato.
Em resposta, Zambelli afirmou à colunista Mônica Bergamo que não teria vergonha de admitir tal passado, mas negou o boato. Disse ter carreira consolidada como consultora e gerente de projetos em empresas privadas.
A troca de farpas começou após Aziz criticar Zambelli por imitar Bolsonaro ao retirar a máscara durante evento.
Ela rebateu chamando-o de " inútil " e fazendo ataques pessoais. O vídeo com a música foi criticado por setores que viram conotação misógina na atitude do senador.
Declaração sobre prisão de parentes de Lula
Após ser condenada, Zambelli declarou que “ não sobreviveria na prisão ”.
No entanto, um vídeo resgatado nas redes sociais mostra a deputada ironizando a prisão de Lula em 2018: “ Está chegando o Natal, deixa o Lula passar o Natal com a família dele, os filhos, bota eles na cadeia juntos ”, disse, rindo.
Invasão hacker ao CNJ e fuga para a Europa e prisão na Itália
Zambelli foi condenada por invadir, com Walter Delgatti, os sistemas eletrônicos do CNJ e inserir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão contra Alexandre de Moraes .
Após a condenação, ela deixou o país e passou a ser considerada foragida .
A ordem de prisão foi emitida em 04 de junho a pedido da Procuradoria-Geral da República. Moraes justificou a decisão com base na fuga da deputada.
“ Zambelli se evadiu do distrito da culpa, fugindo do território nacional ”, escreveu o ministro.
Além da prisão, Moraes determinou o bloqueio de bens, contas, redes sociais e salário da parlamentar, que será usado para pagamento de multas judiciais.
A suspensão inclui os perfis no X, Instagram, Facebook, TikTok, Telegram e YouTube, com multa diária de R$ 50 mil para postagens atribuídas à deputada.
Em entrevista antes da prisão, Zambelli confirmou estar na Europa e disse ter transferido a gestão de suas redes sociais à mãe. A Polícia Federal informou que ela será submetida a processo de extradição.