
A eleição para a presidência nacional do PT ocorre neste domingo (6), com possibilidade de segundo turno em 20 de julho. Quatro candidatos disputam o comando da legenda, em uma votação que coloca em pauta a sustentação do governo Lula, a renovação das lideranças partidárias e os rumos estratégicos para 2026.
Edinho Silva, da corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), é apoiado pelo presidente Lula e lideranças como José Dirceu. Ex-prefeito de Araraquara (SP) e ex-ministro da Comunicação Social no governo Dilma, defende ampliar alianças políticas sem perder o protagonismo do partido.
Segundo material da campanha, pretende fortalecer a mobilização social em defesa do governo e preparar o partido para uma transição de liderança. A vitória de Edinho também pode levar à indicação de nomes da CNB para cargos internos estratégicos.
Rui Falcão, da corrente Novo Rumo, é deputado federal por São Paulo e presidiu o PT de 2011 a 2017. Propõe reconectar o partido com trabalhadores e juventude, reativar o trabalho de base e enfrentar a fragmentação interna.
Em suas falas, aponta quatro desafios: “afastamento das bases, fragmentação, desinteresse da juventude e desinformação” . Critica alianças com partidos de direita e cobra maior enfrentamento ao Congresso conservador.
Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, propõe uma direção coletiva e defende o alinhamento do PT a um projeto de transformação socialista.
Questiona as alianças do governo com a direita e sugere maior mobilização popular. Propôs uma aliança de segundo turno com Falcão e Romênio Pereira para barrar a candidatura de Edinho.
Romênio Pereira, do Movimento PT, atual secretário de Relações Internacionais, foca na democratização interna e maior participação da militância.
Defende redistribuição dos recursos do fundo partidário e fortalecimento de candidaturas de grupos sub-representados. Também é crítico da composição do governo com partidos de centro-direita.
PT e a transição

Segundo o analista político Marcelo Alves, Edinho Silva é o favorito. “Está mais alinhado ao núcleo duro do PT e tem o apoio direto do presidente Lula” , disse.
Para ele, Pomar e Pereira têm candidaturas que contribuem com o debate, mas sem chances de vitória. Em relação a Rui Falcão, o especialista lembrou o desgaste de sua gestão anterior: “Ele presidiu o partido no momento em que houve o maior esvaziamento da base. Isso pesa.”
Alves afirma que o novo presidente do PT terá como missão conduzir a transição política do partido. “O Lula ainda sustenta o imaginário do eleitor com o PT. Quando ele sair de cena, qual será o caminho do partido?” , questiona.
“Hoje, a sigla não tem nomes competitivos em São Paulo, Rio de Janeiro ou Belo Horizonte. Sem essa renovação, o PT pode seguir o mesmo rumo de outros partidos que perderam protagonismo.”