General Braga Netto e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid
Montagem iG - Fotos: Agência Brasil
General Braga Netto e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid



Quem achava que o julgamento da trama golpista era uma novela que se arrastava depois da exibição dos melhores capítulos, logo no início das audiências – as que pegaram os depoimentos do núcleo crucial, Jair Bolsonaro entre eles – pode preparar as pipocas novamente.

Na semana que vem acontecem duas acareações que têm tudo para garantir tensão sem alívio cômico por algumas horas de programa.

Ambas estão marcadas para a próxima terça-feira, dia 24.

Uma acareação é um confronto entre partes ou testemunhas de um processo judicial que a certa alturaa da ação prestaram informações divergentes.

Foi o que aconteceu nos depoimentos de Mauro Cid e do general Braga Netto.

O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro disse ter recebido dinheiro em uma caixa de vinho para entregar a outro investigado. A verba seria usada para custear ações para impedir a posse de Lula (PT) como presidente.

Quem passou a ele a caixa teria sido Braga Netto, que nega tudo.

Um dos dois está mentindo?

Quem? 

Não sabemos. Nem nós nem Alexandre de Moraes, relator do caso no STF e que chamou o tete-a-tete para passar a história a limpo.

Que há pontos no relato de Mauro Cid que precisam ser fechados, há. Dizer o que, quando, onde e por quê não é função apenas dos jornalistas quando decidem relatar o que viram ou ouviram. E o relato dele é cheio de lacunas, a começar pelo local.

A mesma dinâmica estará presente no confronto entre o general Freire Gomes, testemunha da ação, e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, réu no processo.

Gomes afirma que Torres estava em uma reunião com oficiais das Forças Armadas em que foi discutido um possível golpe de Estado. O ex-ministro nega.

E é importante, para a defesa de Torres, se afastar dessa suspeita.

Afinal, se ele sabia que Bolsonaro tinha planos para permanecer no poder, e ainda assim saiu de férias logo que assumiu a secretaria de Segurança do Distrito Federal – logo, o comando das polícias locais – a ausência pode configurar não só uma omissão, mas um plano de fato.

Uns e outros podem apresentar provas de que estão falando a verdade. Ou de que os “oponentes” estão mentindo.

Difícil vai ser trazer provas do que estão dizendo. Cadê a caixa de vinhos? Alguém viu? Alguém gravou?

Do mais, são versões contra versões. E nenhum deles têm a obrigação de dizer a verdade para não produzirem (mais) provas contra si.

Mas que o embate promete, promete.


*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG


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