
A pouco mais de um ano para as eleições, o presidente Lula abriu um leque de iniciativas para tentar elevar a avaliação do próprio governo.
Não deu certo.
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (4) aponta que a desaprovação da gestão petista alcançou 57% dos brasileiros, número recorde. A aprovação é de 40%.
Os números jogam água nos planos para alavancar a popularidade do petista.
Entre os programas lançados estão as isenções no Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, benefícios a motoristas de aplicativos, linha de crédito para reformas de casas do Minha Casa, Minha Vida e o novo Vale Gás.
Entre os que conhecem as medidas, a aprovação das propostas é de 79%. O problema é que só 40% da população ouviu falar dessas iniciativas.
Ainda assim, graças às medidas, Lula começava a tirar do sapato a pedra da percepção ruim da economia.
Pela primeira vez em muitos meses, caiu expressivamente o número de pessoas que veem, no atual governo, uma piora no poder de compra. Eram 56% em março. Hoje são 48%.
Felipe Nunes, diretor da Quaest, avalia que a percepção de desaceleração da inflação de alimentos contribuiu para uma avaliação mais favorável.
Em março de 2025, 88% dos entrevistados pelo mesmo instituto diziam que os preços dos alimentos haviam subido nos mercados; em maio, o número caiu para 79%.
Ainda assim, bastante alto.
Mas o que solapou mesmo os esforços para levantar a moral do governo foram as notícias relacionadas ao escândalo do INSS.
Desde o início da crise Lula tenta estancar a sangria mostrando que o escândalo começou no governo anterior, de Jair Bolsonaro. A ordem era mostrar que era a gestão petista a responsável por identificar os desvios e investigar os responsáveis.
Também não deu certo. A bomba, como já comentamos aqui, explodiu.
Oito em cada dez brasileiros, segundo a Quaest, têm conhecimento do escândalo. Como lembrou Felipe Nunes, em uma postagem nas redes sociais, o tema ganhou duas vezes mais atenção do público do que as políticas ou programas anunciados pelo governo.
E o desgaste foi claro: 31% dos brasileiros responsabilizam a gestão Lula pelos desvios e apenas 8% colocam a responsabilidade na conta de Bolsonaro.
“Ou seja, a oposição venceu a guerra de narrativas”, diz Nunes.
Essa disputa ajuda a explicar por que 44% dos brasileiros consideram a atual gestão pior que a de Bolsonaro – contra 40% que dizem o oposto.
Para 48% dos entrevistados, Lula não é bem intencionado e 70% dizem que ele não cumpre suas promessas de campanha.
Os números poderiam servir de baliza para uma disputa entre os dois em 2026.
Mas Bolsonaro está inelegível e fora do páreo.
A sorte de Lula é que até agora a direita não sabe quem será o candidato à sucessão. E promete chegar mais rachada do que nunca a 2026.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG