Roubos de celulares: governo avalia próximos passos para combate

Intenção é endurecer penas para crimes considerados ''porta de entrada'' para outros mais graves

Lula mexendo no celular
Foto: Reprodução/X
Lula mexendo no celular


O governo federal  precisa definir os próximos passos para garantir a viabilidade do projeto de lei que endurece as penas para roubo e furto de celulares.

É o que apurou o Portal iG em relação ao texto apresentado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para combater esses crimes.

Furto e roubo de celulares são considerados porta de entrada para outras infrações e alimentam redes do crime organizado . O projeto de lei que endurece as penas para essas ações e a expansão do programa Celular Seguro são algumas das principais medidas em curso.

No mês passado, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski , encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um projeto de lei que amplia as penas para crimes envolvendo celulares roubados ou furtados.

Entre os pontos principais, estão a criação da categoria de furto qualificado , com pena de dois a oito anos de prisão, e o aumento da punição para receptação qualificada, que pode chegar a 12 anos.

O Palácio do Planalto está avaliando possíveis ajustes antes de enviar o texto ao Congresso Nacional, o que deve ocorrer nas próximas semanas, conforme apurou o Portal iG .

A estratégia será garantir o apoio da base aliada e negociar com setores da oposição, que podem buscar modificar trechos da proposta.

O governo também avalia vincular essa tramitação a outras pautas da segurança pública, como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que fortalece o Sistema Único de Segurança Pública (Susp).

Expansão do Celular Seguro

O programa Celular Seguro, lançado em 2023, permite o bloqueio remoto de linhas e aparelhos via IMEI
Foto: Reprodução
O programa Celular Seguro, lançado em 2023, permite o bloqueio remoto de linhas e aparelhos via IMEI


O programa Celular Seguro , lançado em 2023, permite o bloqueio remoto de linhas e aparelhos via IMEI (número de identificação do dispositivo) em caso de roubo ou furto.

Para 2025, o governo planeja avançar com a implementação de alertas automáticos via SMS ou WhatsApp para notificar novos usuários de celulares roubados sobre a irregularidade do dispositivo e orientá-los a devolvê-lo às autoridades.

A fase inicial do novo sistema está sendo testada em estados alinhados ao governo federal, como Piauí e Bahia.

O objetivo é avaliar a eficácia antes da expansão para todo o território nacional. A integração com operadoras de telefonia é um dos desafios do projeto, uma vez que exige ajustes técnicos para evitar falhas, como bloqueios indevidos ou mensagens enviadas erroneamente.

O governo também discute uma nova funcionalidade que permitiria às vítimas optarem por não bloquear imediatamente o aparelho roubado.

Isso possibilitaria que as forças de segurança rastreassem os dispositivos para aumentar as chances de recuperação e desmantelamento de redes criminosas.

Pressão política e desafios na implementação

A segurança pública tem sido um dos pontos mais criticados da gestão de Lula. Segundo pesquisa Ipsos-Ipec de março, cerca de 50% dos brasileiros desaprovam as ações do governo nessa área. O Palácio do Planalto busca reverter essa percepção com a aceleração dos projetos em curso.

Porém, a implementação dessas medidas enfrenta resistência de governadores da oposição, como Tarcísio de Freitas (SP) e Cláudio Castro (RJ), que defendem soluções locais para a segurança pública e podem dificultar a adoção da nova versão do Celular Seguro em seus estados.

Além disso, no Congresso, a tramitação do projeto de lei pode ser atravessada por outras demandas políticas, tornando o calendário de aprovação incerto.

O que o governo Lula está pensando?

Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Área econômica é prioridade do governo Lula


A estratégia do governo se baseia em duas frentes principais: desestimular o mercado paralelo de celulares com o endurecimento das penas e utilizar tecnologia para dificultar a revenda de aparelhos roubados.

Lula e sua equipe evitam adotar um discurso puramente repressivo e buscam equilibrar a segurança com medidas que protejam a população sem ampliar excessivamente o encarceramento.

O ministro Lewandowski tem defendido que aumentar penas indiscriminadamente nem sempre é eficaz, mas que crimes como o roubo de celulares justificam punições mais rigorosas por seu impacto na criminalidade urbana.

O governo também busca articular a aprovação da PEC da Segurança Pública para consolidar um modelo nacional de prevenção e combate ao crime.

Porém, os dois projetos ainda não possuem previsão para estarem nas mãos dos congressistas. Conforme apurou o Portal iG , o governo irá avaliar o melhor momento para colocar os textos em discussão.

O objetivo, neste momento, é resolver pendências na área econômica, como a aprovação da isenção do Imposto de Renda.


Previsões para 2025

A curto prazo, até julho de 2025, o governo espera enviar o projeto de lei ao Congresso e avaliar os primeiros resultados da fase piloto do Celular Seguro. Paralelamente, planeja campanhas de conscientização para melhorar a adesão da população ao programa.

Já para o fim de 2025, a previsão é que a tramitação do projeto de lei esteja avançada e que o Celular Seguro tenha alcançado mais estados.

A PEC da Segurança Pública, por ser mais complexa, pode demorar mais para ser votada, possivelmente ficando para 2026.

Entre os principais obstáculos, estão a resistência de alguns estados e as negociações no Congresso.