Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo
Agência Brasil
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo

O prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes  (MDB)  defendeu a privatização do serviço funerário, ocorrida em sua gestão. Segundo o emedebista, o serviço "agora é um negócio", que "fica bom quando é bom para o poder público e para o privado. O cara não vai fazer uma doação, ele vai fazer um investimento para poder ter o retorno", disse em entrevista ao UOL.

Perto de finalizar seu primeiro mandato à frente da Prefeitura de São Paulo, Nunes reassume o posto após uma gestão de dois anos e meio caracterizada, sobretudo, pela privatização de serviços essenciais - medida que ele já sinalizou ter ambição de ampliar ao longo dos próximos quatro anos no comando da capital paulista.

Quando questionado se está satisfeito com o serviço prestado pelas concessionárias, o emedebista começou respondendo que era "o pior serviço da prefeitura, e hoje está melhor". Entretanto, ele não apresentou nenhuma pesquisa de satisfação pública para embasar a resposta.

"Tá melhorando. Veja as agências funerárias. A gente tinha 14 antes, e hoje são 40 e poucas. Carros eram 20. Hoje são cerca de 80. Agora, vai resolver de uma hora para a outra? Não tem como, porque tem etapas, né?", disse Ricardo Nunes.

Um levantamento do Sindsep (Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo) aponta que os valores de pacotes para realização do funeral mais que triplicaram em cemitérios da cidade após a concessão para a iniciativa privada. 

Antes da privatização, o custo total de um pacote de serviços para enterro de uma pessoa ficava em R$ 428,04, na categoria “popular”; R$ 863, na “padrão”; e R$ 1.507,32, na “luxo”, segundo a pesquisa do Sindsep. Depois da concessão das unidades à iniciativa privada, os valores passaram para R$ 1.494,14; R$ 3.408,05; e R$ 5.737,25, respectivamente.

Avanço na privatização das escolas

Ainda no tema da privatização, o prefeito de São Paulo manifestou que quer ampliar as concessões para a área da educação. 

“Vamos fazer um chamamento público para que alguma organização educacional assuma a gestão. Minas Gerais já fez, o Paraná já fez, eu já fiz. Todas as experiências são positivas. Estamos estudando o modelo”.

Questionado sobre a implementação das escolas cívico-militares, projeto que contou com o apoio do governador Tarcísio de Fretas para o estado de São Paulo, Nunes diz não ser prioridade, mas que segue uma possibilidade.

“A melhor escola do país, que tem o melhor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do Brasil, é uma escola militar do Rio. E eu pretendo ter todas as oportunidades à disposição da rede.”

Túnel da Sena Madureira

Sobre a obra do túnel da rua Sena Madureira, que enfrenta barreiras na Justiça e a resistência dos moradores do bairro, Nunes fala que a obra "tem que acontecer".

“É meia dúzia que discorda. A maioria apoia. A gente tem que fazer obras para melhorar o trânsito dessa cidade. Não vou desistir, vou até a Corte de Haia, se preciso.”

Quando questionado sobre o destino dos moradores após a conclusão da obra, Nunes afirma que eles "vão para um lugar melhor", e que ele vai "dar uma indenização ou mesmo dar outra casa para os moradores. (...) É uma obra importante para a cidade e eu vou fazer", diz.

"Qualquer pessoa que more em um local que seja de interesse público está sujeita a uma desapropriação. Pode morar há 40 ou 200 anos ali. Isso é falta de espírito público. Poxa, vai lá às seis horas da tarde para ver o trânsito. Se a gente tem condições e dinheiro para fazer com que as pessoas fiquem menos tempo no carro, por que não? Eu tive mais de 3 milhões de votos para representar a população", afirma.

Expectativas para as próximas eleições

Apesar de ter sido o candidato oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ter recebido o apoio incondicional de Tarcísio durante toda a sua campanha, Nunes dispensou a possibilidade de se candidatar a governador do estado em 2026, pois quer cumprir todo o mandato, focado em "fazer meu sucessor".

E finaliza: “Se ele [Tarcísio] sair para presidente, vai ser eleito e eu vou ser ministro dele entre 2029 e 2030, quando sairei para governador.”

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